domingo, 16 de novembro de 2014

ESTA É A PANTANOSA PÁTRIA, NOSSA AMADA

"Ministro da Administração Interna demite-se "para defender o Governo""

Os chamados vistos "gold" são, do meu ponto de vista uma aberração ética. A compra da cidadania em troca de uma casa no valor de meio milhão de euros é algo de inaceitável. 
Eu sei que o dinheiro não tem alma, ética ou moral pelo que num tempo em que tudo se vende e tudo se compra, porque não vender o direito de cidadania e ao mesmo tempo empurrar para fora cidadãos portugueses, sem dinheiro para ser, isso mesmo, cidadãos portugueses de direitos e com um projecto de vida.
Eu sei que outros países aceitam este tipo de processos, como também sei que outros países têm leis e princípios que de há muito abandonámos, a pena de morte ou a discriminação legal das mulheres, por exemplo. 
Algo que nasce torto, tarde ou nunca se endireita, diz o povo. Um dinheiro de que não se controla a origem também não se controla a circulação e, como sabem, a carne é fraca. Ao circular vai comprando o seu percurso, serve a todos, incluindo os que vão tomando decisões que quanto mais simpáticas forem mais um "miminho" recebem. Mas aqui é dinheiro grosso, nem vale pena tentar falar de robalos.
Neste lamaçal pantanoso em que vivemos, a agitação provocada pela descoberta do esquema de corrupção que a ninguém surpreende, evidentemente, soltou uns salpicos que atingiram  o Ministro Miguel Macedo levando-o a pedir demissão.
Claro que se ouvirão, a liturgia política obriga, elogios à dignidade do gesto e à inocência de Miguel Macedo.
Nada diz que Miguel Macedo tenha algum envolvimento directo no esquema de corrupção em investigação, mas a responsabilidade política é diferente de responsabilidade criminal e o entendimento dessa responsabilidade é, em primeiro lugar pessoal e, em segundo lugar, do Primeiro-ministro. Nesse sentido, também me parece que Miguel Macedo assumiu a responsabilidade política da forma que deve ser assumida. Ponto.
Não fora o pântano em que vivemos e a falta de solidez ética que por aí anda e outros Ministros já teriam tido o mesmo gesto há muito tempo.
Será que Passos Coelho aproveita a necessidade de substituir o Ministro da Administração Interna para tentar arejar o pântano?

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