Continua sem fim à vista o conflito entre os professores e o ME e o que tem acontecido não permite antecipar quando e como terminará. No entanto, só há uma forma de resolver conflitos de forma positiva, negociar de forma séria, competente e justa. Lamentavelmente, é o que não tem acontecido.
O ME parece continuar em fuga
para afrente e apoia-se na tentativa de torcer o quadro legislativo no sentido
de conter ou minimizar as consequências da greve em curso.
Paralelamente é divulgada informação
e produzida opinião em dois sentidos, sublinhar o prejuízo causado aos alunos e
diabolizar a greve e os professores recorrendo à produção de opinião e números
com esse objectivo.
Parece clara a dificuldade em
realizar uma greve que não tenha algum impacto na comunidade, esse é,
justamente, uma das componentes do próprio processo da greve, seja em que
sector de actividade for.
Parece-me também claro que os
professores, na sua esmagadora maioria, prefeririam certamente não sentir
motivos para realizar a greve com consequentes dificuldades para pais e alunos
e para o seu próprio trabalho. Muitos esquecerão que boa parte dos professores
também tem filhos ou netos dado o envelhecimento da classe. O processo de
reivindicação da classe docente surge da revolta, cansaço e desânimo de muitos
anos a sentir-se maltratada, desvalorizada profissionalmente, sem estabilidade
e perspectivas de carreira, cansada, envelhecida e com quadros de mal-estar
preocupantes.
Reafirmo a ideia de que os
sistemas educativos considerados como tendo melhor qualidade, independentemente
dos critérios de análise, são, em regra, os que mais valorizam os professores,
em termos sociais, em termos profissionais e também no estatuto salarial.
Deixem-me insistir, a defesa da
qualidade da educação e da escola, pública e também privada, passa
incontornavelmente pela defesa e valorização das condições de trabalho, em
diferentes dimensões, que possibilitem que o desempenho de escolas, professores,
directores, técnicos, funcionários, alunos e pais tenha o melhor resultado
possível.
A eternização deste conflito não
serve a ninguém. Negociar com seriedade, competência e justiça servirá a todos.
O que é que aqui não se percebe?
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