Na imprensa divulga-se a mais recente edição estudo COSI Portugal (Childhood Obesity Surveillance Initiative), integrado no Childhood Obesity Surveillance Initiative da OMS/Europa, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge sobre o excesso de peso e obesidade infantil.
Até à penúltima edição (2019),
verifica-se um abaixamento dos índices, mas os dados de 2022 revelam uma
preocupante subida de 29,7% para 31,9% no excesso de peso, destes valores temos
11,9% para 13,5% no que respeita à obesidade. Ainda assim, o valor actual está perto
da média europeia, 29%.
O estudo envolveu 6205 crianças
entre os seis e os oito anos de 226 escolas de Portugal continental e dos
arquipélagos dos Açores e da Madeira. Verificam-se assimetrias significativas e
os estilos e hábitos alimentares ajudam os níveis de excesso de peso e obesidade.
Acresce que entre 2019 para 2022
também aumentaram os níveis de sedentarismo, todos os parâmetros estudados subiram
entre 2,2 e 9,3. É de sublinhar, sem surpresa, que se verificou um aumento de
18 para 27% na utilização de videojogos durante a semana pelo menos duas horas por dia.
Estes dados estão em linha com os
de relatórios anteriores e com estudos nacionais sobre os hábitos alimentares e
estilo de vida dos mais novos e sobre as potenciais consequências para o seu
desenvolvimento. Entre os efeitos da pandemia e dos períodos de confinamento,
provavelmente, contar-se-á o acréscimo do sedentarismo e, naturalmente, do
número de crianças com excesso de peso.
Registou-se também em 2021 a
regulamentação da oferta alimentar nas escolas com o objectivo de promover
estilos alimentares mais saudáveis.
Apesar de parecer uma birra ou
teimosia acho sempre importante sublinhar a importância que deve merecer a
questão dos hábitos alimentares e o combate ao sedentarismo, sobretudo nos mais
novos.
As consequências potenciais deste
quadro em termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em
termos individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido, um
problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de
programas de prevenção, educação e remediação que o combatam. Sem surpresa,
surgem sempre algumas reacções contra o chamado “fundamentalismo nos hábitos
individuais”, mas creio que são também de ponderar as implicações colectivas e
sociais do problema.
No entanto, como sabemos, o
excesso de peso, o sedentarismo e os riscos associados não serão, para a
esmagadora maioria dos miúdos e graúdos nessa situação, uma escolha individual,
é algo de que não gostam e sofrem, de diferentes formas, com isso.
Eu sei que à escola não compete
tudo, não pode, nem deve ser responsável por todos os problemas que afectem a
população em idade escolar. Por outro lado, apesar de em termos de educação
familiar se registarem melhores níveis de literacia sobre saúde estilos de
vida, ainda temos muito que caminhar.
No entanto, sei, sabemos, que
pela educação é que vamos lá.
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