Era uma vez um rapaz chamado Excelente. Na verdade e apesar do nome, não era assim muito excelente, era mesmo um rapaz muito discreto, quase cinzento, ou transparente, como aquelas pessoas que até quando estão à nossa frente mal reparamos nelas.
O rapaz foi crescendo e toda a
gente lhe fazia sentir que tinha de ser Excelente em todas as actividades em
que se envolvia. É assim a vida de muitos miúdos, todos à sua volta esperam que
eles sejam excelentes, em tudo.
No entanto, o Excelente era um daqueles
rapazes que não se distinguia em nada do que fazia, seja actividades escolares,
actividades desportivas ou de outra natureza. Também não revelava grandes dotes
artísticos e não era propriamente um miúdo com grande nível de relacionamento
social. Apesar deste seu estar, a pressão para ser excelente continuava, vinda,
sobretudo dos professores e da família.
De mansinho, esta pressão, grande
demais para o Excelente, começou a instalar nele um desconforto malino, consigo
e com a vida de quem teria de ser um Excelente que não era.
Sem se dar conta muito bem do que
estava a acontecer, começou a reagir a esse desconforto e pouco a pouco foi
descobrindo que, finalmente, estava a fazer algo em que parecia um Excelente.
Os seus colegas achavam-no o mais
popular da turma, a maioria admirava-o e até fazia questão de se mostrar amiga
do Excelente. Os professores mudaram de opinião sobre o rapaz, agora já achavam
que na escola havia poucos alunos como ele. Até os pais se surpreenderam com o
Excelente, nunca ninguém na família tinha sido assim.
O Excelente tinha finalmente
encontrado algo em que era bom, mesmo muito bom. Era o melhor da sua turma a
portar-se mal, aliás, era mesmo dos melhores na escola nesse fazer.
Agora sim, era um Excelente.
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