Uma vez conheci um Artesão como não há muitos, era um homem de uma sabedoria e de um amor à sua arte que impressionava.
Desde miúdo que sonhava
dedicar-se à arte que viria a ser a sua. Preparou-se bem durante bastante tempo
e mesmo já a trabalhar sempre procurou compreender mais, falando com outros
mestres e outras pessoas que o Artesão entendia que o podiam ajudar a ser
melhor.
Mesmo sendo um Artesão muito
experiente e trabalhando sempre com a mesma matéria, quando começava cada
trabalho estudava e pensava em cada peça que iniciava. Muitas vezes fazia o
mesmo tipo de trabalho, mas sabia que os materiais nunca são exactamente iguais
e por isso não podem ser sempre trabalhados da mesma maneira. O Artesão dizia
muitas vezes que temos de respeitar as diferenças nos materiais, só assim
conseguiremos que eles acabem por se transformar em peças valiosas e, na
verdade, as peças que saíam das mãos do Artesão eram peças valiosas, muito
valiosas.
O Artesão referia frequentemente
que algumas das peças se tornavam muito fáceis de produzir, tinham
características próprias que lhe facilitavam o trabalho, outras, como ele
dizia, davam luta, resistiam ao trabalho, às vezes nem corria bem, mas, quase
sempre conseguia algo de interessante e bonito.
Este Artesão tinha uma outra
qualidade que o tornou conhecido, não guardava a sua arte só para si, gostava
de falar dela, de ajudar os mestres que estavam a começar e que também
apreciavam o seu trabalho e a sua ajuda.
Coisa estranha, agora que estou a
acabar a história do Artesão reparei que não referi a arte a que se dedicava.
Era Professor.
Estes Artesãos começam a rarear,
a sua arte não é valorizada, não é atractiva, o futuro nas suas vidas é uma
esperança adiada e, curiosamente, são estes artesãos o garante do futuro das
comunidades.
Sem comentários:
Enviar um comentário