domingo, 4 de junho de 2023

A LER, "O DRAMA DA FALTA DE PROFESSORES NA EUROPA"

 Merece leitura e, sobretudo reflexão, o texto de Carlos Ceia no Público, “O drama da falta de professores na europa”.

Lamentavelmente a questão não é nova. Há anos que sucessivos relatórios nacionais e internacionais têm alertado para gravidade do envelhecimento da classe docente, da falta de atractividade da carreira, dos efeitos associados, e da certeza da falta de docentes a curto prazo como já está a acontecer dramaticamente. Algumas notas repescadas.

O envelhecimento da classe docente não é um problema exclusivo do nosso sistema, mas é particularmente grave sendo que alguns países também afectados têm iniciativas já em desenvolvimento no sentido de o minimizar o que não parece acontecer entre nós.

Ao perfil dos docentes em termos de idade acresce que, como é reconhecido em qualquer país, a profissão docente é altamente permeável a situações de burnout, estado de esgotamento físico e mental provocado pela vida profissional, frequentemente associado a níveis pouco positivos de satisfação profissional. Acresce que nos últimos cinco, seis anos a inscrição de alunos em cursos de formação para a docência baixou para metade, os cursos de formação de professores, de uma forma geral, perderam atractividade, menos 70% desde o início do século.

Na verdade, este cenário só pode surpreender quem não conhece o universo das escolas, como acontece com boa parte dos opinadores que pululam na comunicação social e dos comentários nas redes sociais dirigidos à educação e aos professores.

Também se sabe que as oscilações da demografia discente não explicam a saída de milhares de professores do sistema, novos e velhos, como também não explicam a insuficiente renovação, contratação de docentes novos.

Não esqueçamos ainda a deriva política a que o universo da educação tem estado exposto nas últimas décadas, criando instabilidade e ruído permanente sem que se perceba um rumo, um desígnio que potencie o trabalho de alunos, pais e professores. Acresce que sucessivas equipas ministeriais têm desenvolvido políticas que contribuem para a desvalorização dos professores com impacto evidente no clima das escolas, nas relações que a comunidade estabelece com estes profissionais e reforça a a baixa atractividade da carreira.

Este cenário revela uma das dimensões mais frágeis das políticas públicas de educação nos últimos anos em que sempre se insistia na narrativa dos professores a mais com resultados que estão à vista.

Parece clara a necessidade inadiável de definir uma resposta oportuna e consistente a este trajecto.

Sabemos que os sistemas educativos com melhor desempenho são também os sistemas em que os professores são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.

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