Merece leitura e, sobretudo reflexão, o texto de Carlos Ceia no Público, “O drama da falta de professores na europa”.
Lamentavelmente a questão não é
nova. Há anos que sucessivos relatórios nacionais e internacionais têm alertado
para gravidade do envelhecimento da classe docente, da falta de atractividade da carreira, dos efeitos associados, e
da certeza da falta de docentes a curto prazo como já está a acontecer
dramaticamente. Algumas notas repescadas.
O envelhecimento da classe
docente não é um problema exclusivo do nosso sistema, mas é particularmente
grave sendo que alguns países também afectados têm iniciativas já em
desenvolvimento no sentido de o minimizar o que não parece acontecer entre nós.
Ao perfil dos docentes em termos
de idade acresce que, como é reconhecido em qualquer país, a profissão docente
é altamente permeável a situações de burnout, estado de esgotamento físico e
mental provocado pela vida profissional, frequentemente associado a níveis
pouco positivos de satisfação profissional. Acresce que nos últimos cinco, seis
anos a inscrição de alunos em cursos de formação para a docência baixou para
metade, os cursos de formação de professores, de uma forma geral, perderam
atractividade, menos 70% desde o início do século.
Na verdade, este cenário só pode
surpreender quem não conhece o universo das escolas, como acontece com boa
parte dos opinadores que pululam na comunicação social e dos comentários nas
redes sociais dirigidos à educação e aos professores.
Também se sabe que as oscilações
da demografia discente não explicam a saída de milhares de professores do
sistema, novos e velhos, como também não explicam a insuficiente renovação,
contratação de docentes novos.
Não esqueçamos ainda a deriva
política a que o universo da educação tem estado exposto nas últimas décadas,
criando instabilidade e ruído permanente sem que se perceba um rumo, um
desígnio que potencie o trabalho de alunos, pais e professores. Acresce que
sucessivas equipas ministeriais têm desenvolvido políticas que contribuem para
a desvalorização dos professores com impacto evidente no clima das escolas, nas
relações que a comunidade estabelece com estes profissionais e reforça a a
baixa atractividade da carreira.
Este cenário revela uma das
dimensões mais frágeis das políticas públicas de educação nos últimos anos em
que sempre se insistia na narrativa dos professores a mais com resultados que
estão à vista.
Parece clara a necessidade
inadiável de definir uma resposta oportuna e consistente a este trajecto.
Sabemos que os sistemas
educativos com melhor desempenho são também os sistemas em que os professores
são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.
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