Todos os dias passados aqui no monte trazem à memória o Mestre Zé Marrafa. Já não nos pode ajudar nem aparecer apenas para uma lérias. Está numa situação que não merece e em que não quereria estar. A vida do Mestre Zé nunca foi fácil, começou a trabalhar aos nove anos a guardar porcos e tem sido dura até ao fim, não é justo, mas o que seria justo nestas questões não tem sequer o mesmo significado para todos. Felizmente, temos a grande ajuda do Valter e reorganizámos as tarefas da lida graças à sua polivalência.
Gostamos sempre de preparar a
horta mais para o cedo e é altura de montar o criador, a estufa, para termos
tomate. Guardamos religiosamente as sementes de uma espécie que aqui temos e é
muito saborosa, quer para salada, quer para gaspacho ou cozinhados de que a
sopa de tomate ou umas migas são só exemplos. O Mestre Zé nunca se convenceu a
fazer o criador com materiais “finos”. Umas canas, um plástico e umas pedras e
já estava pronto a criar plantas.
Lamento Mestre Zé, mas não
sabemos fazer criadores como os seus, não chegámos a aprender. No entanto, somos “vontadeiros”,
como o Sr. Zé fala, e apesar de recorrermos a materiais sofisticados … já está
feito o criador, arrimado a uma das mais bonitas oliveiras que aqui temos. Se aqui estivesse diria, como sempre, que alguma coisa poderia ter ficado melhor. Nós, os velhos, achamos que os mais novos ainda não sabem.
Na verdade, o que gostávamos
mesmo, era que ainda tivesse sido o Mestre Zé a fazer o criador. Ficaria
melhor, é claro, mas, mais importante, era sinal que o Mestre Zé estava bem.
Quanto à lida, só espero que o
tomate nasça ou ficaremos envergonhados com o criador e … sem tomate bom para
comer, é claro.
E são assim os dias do Alentejo.
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