No Público encontra-se uma referência à posição fortemente crítica da Sociedade Portuguesa de Matemática relativa às Aprendizagens Essenciais recentemente homologadas e que sustentarão o novo currículo de Matemática.
A proposta esteve em discussão desde Junho e nessa altura
escrevi aqui que a questão do currículo de Matemática, e não só, sendo uma
matéria quase que permanentemente na agenda e com mudanças sucessivas suscitaria as divergências habituais, eventualmente começando logo pela própria decisão de
alterar.
Acrescentei que não sendo especialista em questões
curriculares aguardaria opiniões sustentadas sobre os programas em análise. No
entanto, antecipei que duas importantes associações ligadas à matemática e ao
seu ensino, a Sociedade Portuguesa de Matemática e a Associação dos Professores
de Matemática, como é habitual, teriam posições diferentes. Assim aconteceu, uma
apreciação globalmente positiva da Associação dos Professores de Matemática e
uma avaliação globalmente negativa da Sociedade Portuguesa de Matemática.
Homologadas agora as Aprendizagens Essenciais é de novo divulgada uma
crítica contundente por parte da SPM.
Não sendo, como disse, especialista em currículo e sem formação
especializada em matemática, mas tendo interesse sobre o universo da educação
escolar, confesso a minha dificuldade em reflectir sobre as diferentes
avaliações produzidas por especialistas em matemática e no seu ensino.
A questão que tal divergência me suscita é se assenta, de
facto, nos conteúdos programáticas propostos ou num outro qualquer entendimento
fruto de agendas para além da matemática.
A certeza que tenho, passe o atrevimento, é que daqui a
algum tempo estaremos a discutir e questionar o “novo” programa de matemática,
seja ele qual for, e com os mesmos intervenientes.
Porquê?
1 comentário:
"A questão que tal divergência me suscita é se assenta, de facto, nos conteúdos programáticas propostos ou num outro qualquer entendimento fruto de agendas para além da matemática."
O que está em causa é sempre esteve ( creio) não é a matemática nem sequer o currículo mas o ensino da matemática, e a forma como se entende o ensino e a aprendizagem, de uma forma geral, e de forma concreta na matemática. Há uma forma de aprender a matemática instrumental seguindo um conjunto de procedimentos que darão origem a um corpo de saberes (bastante explícito nas metas curriculares). Há uma outra forma de abordagem do conhecimento matemático que aponta para um pensamento mais concetual. Quanto a mim há um continuum entre estes dois tipos de pensamento e servem-se mutuamente.
Contudo, apesar desta questão interessante e de grande reflexão por parte de teóricos, o cerne da questão tem estado na política educativa, ou na falta dela. E na dicotomia... Tem razão... enquanto não pararmos para pensar estaremos numa ponta ou na outra e não nesse continuum entre o pensamento procedimental e o concetual.
Enviar um comentário