No Expresso encontra-se um trabalho sobre uma matéria que, do meu ponto de vista, justifica mais atenção, sobretudo das famílias, mas também e naturalmente dos profissionais que lidam com crianças, o excesso de peso e a obesidade na infância.
Apesar de estarmos a melhorar a situação, os indicadores
relativos à prevalência do excesso de peso e da obesidade infantil entre 2008 e
2019 baixaram na generalidade do país, mais ainda temos cerca de 30% de
crianças nesta situação.
De acordo com o estudo COSI Portugal, integrado no Childhood
Obesity Surveillance Initiative da OMS/Europa, coordenado pelo Instituto
Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, verificou-se neste período uma redução
de 8,2% na prevalência de excesso de peso em crianças dos seis aos oito anos,
de 37,9% para 29,7% e de 3,3% na obesidade infantil, de 15,3% para 11,9%.
Acresce que no que respeita à actividade física e
considerando a recomendação da OMS de uma hora diária de actividade física aos
11 anos só 16% das raparigas e 26% dos rapazes cumprem e aos 15 anos temos 5%
das raparigas e 18% dos rapazes de acordo com o Relatório “Health at a Glance:
Europe 2016” da OCDE.
Estes dados estão em linha com os de relatórios anteriores e
com estudos nacionais sobre os hábitos alimentares e estilo de vida dos mais
novos e sobre as potenciais consequências para o seu desenvolvimento. Entre os efeitos da pandemia e dos períodos de confinamento, provavelmente, surgirá o acréscimo do sendentarismoe e, naturalmente, do número de crianças com excesso de peso.
Registou-se também em 2021 a regulamentação da oferta
alimentar nas escolas com o objectivo de promover estilos alimentares mais
saudáveis.
Apesar de parecer uma birra ou teimosia acho sempre importante
sublinhar a importância que deve merecer a questão dos hábitos alimentares e o
combate ao sedentarismo, sobretudo nos mais novos.
As consequências potenciais deste quadro em termos de saúde
e qualidade de vida são muito significativas, quer em termos individuais, quer
em termos sociais. Assim, e como já tenho referido, um problema de saúde
pública desta dimensão e impacto justifica a definição de programas de
prevenção, educação e remediação que o combatam. Sem surpresa, surgem sempre
algumas reacções contra o chamado “fundamentalismo nos hábitos individuais”,
mas creio que são também de ponderar as implicações colectivas e sociais do
problema.
No entanto, como sabemos, o excesso de peso, o sedentarismo
e os riscos associados não serão, para a esmagadora maioria dos miúdos e
graúdos nessa situação, uma escolha individual, é algo de que não gostam e
sofrem, de diferentes formas, com isso.
Eu sei que à escola não compete tudo, não pode, nem deve ser
responsável por todos os problemas que afectem a população em idade escolar.
Por outro lado, apesar de em termos de educação familiar se registarem melhores
níveis de literacia sobre saúde estilos de vida, ainda temos muito que
caminhar.
No entanto, sei, sabemos, que pela educação é que vamos lá.
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