Era uma vez um Rapaz. Lá na escola onde andava não se dava bem com os colegas. Até se dava mesmo mal. Passava o tempo a meter-se com eles, a atrapalhar o que estavam a fazer ou as brincadeiras do recreio. Entrava pelas conversas adentro.
Era, como se costuma dizer, um
rapaz embirrante, daqueles que aborrecem, irritam. Como era de esperar o Rapaz
quase sempre acabava por ficar na outra margem dos grupos.
Os professores iam tentando que
as relações entre o Rapaz e os colegas fossem melhores, mas não conseguiam
grandes resultados e, invariavelmente, chegavam à conclusão que, sendo o Rapaz
tão embirrante, ninguém poderia gostar dele e, com aquele feitio, também não
poderiam obrigar os colegas a tal.
Uma vez, na sala de professores,
a Setôra Sílvia comentou os modos do Rapaz embirrante com o Professor Velho,
aquele que já não dá aulas, está na biblioteca e fala com os livros.
O Professor Velho ouviu as
histórias do Rapaz embirrante, ouviu- um tempinho e depois pensou alto.
Talvez os outros miúdos não gostem
do Rapaz porque perceberam, sentiram, que o Rapaz não gosta dele. Se
espreitássemos com cuidado para dentro do Rapaz poderíamos tentar perceber
porque é que ele não gosta de si. As pessoas só gostam dos outros quando gostam
de si.
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