Nestes últimos dias o meu Alentejo ficou mais cheio, os netos estiveram connosco. Numa das noites no telheiro, durante a "converseta" habitual que termina o dia do neto Grande, o Simão, o assunto levou a uma viagem lá para trás no tempo.
A coisa começou com uma pergunta, “Avô, como é que brincavas?”.
Começámos então uma visita às brincadeiras e aos brinquedos da
minha infância.
A parte que mais o fascinou foi mesmo a dos brinquedos, na maioria feitos por nós, por vezes com alguma ajuda, a vida não era fácil. Dos que não fazíamos e eram mais acessíveis tínhamos os incontornáveis
berlindes e os piões que felizmente permitiam diversos jogos para variar.
Às tantas falei-lhe dos carrinhos feitos com canas e arame
dos fardos de palha, material que abundava naquele tempo. Os olhos do Simão
brilhavam com a descrição e para ele perceber melhor fiz uns bonecos para
ilustrar.
No entanto, a adrenalina subiu quando de repente me lembrei
que tinha guardado algures o último carro de canas que tinha feito. Há perto de
20 anos tinha feito um para o meu sobrinho que também lá estava no Monte e guardámos
o “veículo”.
Não era dos mais “sofisticados” que tinha feito, mas para
demonstração estava ainda muito bem.
Quando viram o “Ferrari de Cana” o Simão e o Tomás não lhe
deram descanso até se virem embora e o Simão já achava que nós, os miúdos do
meu tempo, tínhamos muita sorte por termos aqueles brinquedos tão “fixes”.
Tenho para mim que daqui a alguns anitos teremos uma
converseta sobre a “sorte” dos miúdos do meu tempo.
Ficou então combinado que temos de fazer dois carros de cana
novos, com atrelados, com báscula, com faróis, etc. e quando conseguir
encontrar rolamentos ainda fazemos um carrinho de rolamentos.
Talvez não seja má ideia levar os miúdos a viajar no tempo e a construir o que já quase não se faz. Tenho acerteza de que vão gostar ... todos, miúdos e crescidos.
Fica a foto do “Ferrari de Cana”. São também assim os dias
do Alentejo e a magia da avozice.
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