Retomo um tópico que já por aqui tenho abordado. É sempre difícil ser juiz em causa própria, no entanto, atrevo-me a dizer que me considero um tipo com algum sentido de humor e que gosta de se rir, com e de.
Mas se existe algo que me
abespinha mesmo é a onda de “engraçadismo” que invade a comunicação social para
não falar das redes sociais em que é uma praga irritante, por vezes de fontes
imprevisíveis. O humor é uma coisa, o “engraçadismo” é outra coisa bem diferente
e profundamente irritante. O humor é uma ferramenta de protecção da saúde
mental, o engraçadismo é um produto tóxico.
Para quem conhece o ambiente das salas de aula dos diferentes anos de escolaridade ou no superior é um clássico, o miúdo esperto que adora lançar piadas sem
piada, fazer cenas bué d’engraçadas apenas para chatear o "setôr",
para se rir muito de si mesmo e, sobretudo, para que o seu grupo de apoiantes
se ria e o ache "mesmo fixe", mesmo esperto.
Também em casa conhecemos o mesmo
estilo, “armar” em engraçado sem graça.
Mas o que me tira mesmo do sério
são os adultos que cultivam o “engraçadismo” convencidos do seu enorme humor e,
para mim estranhamente, com adeptos. Esta síndroma afecta até gente com todos
os graus de qualificação e em múltiplas áreas e dirigido até ao que de
engraçado tem … nada.
Talvez esteja mesmo a ficar velho
e com a paciência guardada para o imprescindível, mas nos putos entendo e
tolero, faz parte do crescimento, nos adultos irrita, é muito umbiguismo para o
meu gosto.
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