sábado, 26 de outubro de 2019

OS DIAS DO ALENTEJO


Está a escurecer, amanhã será mais cedo, e acabou a lida. Foi comprida, preparar os panos para a apanha da azeitona, o Mestre Zé Marrafa já sabe que o lagar abre na próxima semana e temos que a colher. É preciso verificar as varas para bater a azeitona, colocá-las algum tempo na água para não ficarem quebradiças, preparar as sacas para as carregar e … estamos preparados. Espero que o Mestre Marrafa, do alto dos seus 78 não volte a propor-me trabalhar com uma vara mais leve que a dele para me proteger, dá-me cabo da auto-estima, ainda tenho um bom par de anos menos que ele. A verdade é que a capacidade de trabalho do Mestre Zé é impressionante.
A expectativa é baixa, o ano foi demasiado seco e a azeitona não está nas condições ideais embora já tivéssemos apanhados algumas em melhores condições para conserva e outras que se podem comer já daqui a pouco tempo pois foram “pisadas.
Ainda mondámos alfaces e couves o que ao mesmo tempo deu para apanhar umas beldroegas que vão dar uma sopa mais do que “gourmet”.
Trabalho mais pesado foi aparar os espargueiros para facilitar a colheita dos espargos que se vier alguma chuva, esperemos mesmo que venha, não tardarão a aparecer.
Depois de carregar o que se cortou a lida acaba com um cansaço “manso” que apesar de ser cansaço … sabe bem.
Depois da janta, muda a tipologia da lida. Vou continuar a preparar a arguência de uma tese de que estou a gostar o que torna a tarefa mais branda. Um bocadinho diferente do trabalho feito durante o dia mas igualmente estimulante.
E são também assim os dias do Alentejo.

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