segunda-feira, 7 de outubro de 2019

E AGORA?


Foi ontem. Realizaram-se as eleições legislativas e não tendo o engenho e a arte de analistas políticos, senadores, comentadores, opinadores e demais politólogos umas notas da parte de alguém que em nome da cidadania não pode deixar de uma visão do que o rodeia. Não se trata de uma visão apenas alinhada por critérios de lateralidade, esquerda, centro e direita, mas mais fortemente pela maior ou menor proximidade a políticas públicas que, do meu ponto de vista, promovam o bem-estar comum de pessoas e famílias, que protejam direitos básicos e constitucionalmente estabelecidos em domínios como educação ou saúde garantindo a universalidade do acesso a respostas de qualidade, promovam inclusão respeitando a diversidade e combatam intolerância, regulem a acção dos mercados, etc.
Os valores da abstenção tornam perdedoras todas as lideranças políticas que de alguma forma contribuem para a cultura de “não vale a pena”, “não muda nada”, “são todos iguais”, etc. que alimentam a abstenção. Na verdade, votar vale e vale muito para além do preço que custou a liberdade de o fazer ou mesmo de se abster.
Os resultados parecem mostrar com clareza a rejeição significativa de discursos da área de centro e direita que tem feito parte do arco da governação. No entanto, é de registar a eleição dos deputados da Iniciativa Liberal e do Chega que trarão certamente outro tipo de discursos para o Parlamento.
Também a eleição da deputada do Livre me parece de sublinhar assim como a subida do PAN que continuo a tentar perceber ao que vem para além da boleia em matérias da maior relevância mas que ainda me levanta algumas dúvidas.
Apesar da perda da CDU, a manutenção do BE e a subida do PS mas sem uma maioria absoluta que eu não desejava, a configuração resultante suporta a possibilidade de uma solução governativa da mesma natureza da que se verificou com a chamada “geringonça”.
Creio que é possível “ler” nos resultados eleitorais que para a maioria dos votantes este será um cenário desejável ainda que o modelo de acordo possa ser diferente.
Também me parece. Não porque a legislatura que passou tenha sido isenta de erros ou perfeita nas opções. Longe disso, muitas vezes discordei e discordo, mas julgo, ainda assim, que será a solução governativa mais desejável.
Temo, no entanto, que agendas próprias e posições irredutíveis possam comprometer uma perspectiva de trabalho a quatro anos com alguma estabilidade e em torno de projectos consensuais, mas não unânimes, como é próprio de democracias representativas.
Mais uma vez, terão uma pesada responsabilidade nas mãos, não a desperdicem. Não vos perdoaremos.

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