sábado, 19 de outubro de 2019

UMA TARDE CABANEIRA


As manhãs de sábado aqui no Alentejo começam por uma ida cedinho à vila. Caía uma chuva branda que antecipava a chegada da chuva mais grada que a meteorologia anunciava para a tarde. Está a chegar, o vento forte assobia nas telhas do monte, as hélices do catavento não páram e o barulho que fazem também não.
Na vila toda a gente estava contente com a chuva, as lérias foram sob o signo da água. Não era intensa, já veio alguma água mas toda a que vier será bem recebida. A Maria Antónia proclamava, "não tenho horta mas a água também me faz falta". É isso mesmo a azeitona ainda vai engrossar e pasto aparece a pintar a terra.
Ainda tive tempo de fabricar um bocado de terra que bem molhada e ao ser remexida pelo escarificador do tractor vai libertando o aroma reconfortante de que falava Almada Negreiros.
Agora a chuva está a cair forte e o vento é áspero. Estou contente mas desejo que não faça estragos.
Está, como dizemos por aqui, uma tarde cabaneira, boa para estar na cabana. Vou encostar-me à leitura com a banda sonora da chuva a cair.
São também assim os dias do Alentejo.

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