Passa hoje o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Sabemos
todos que a prevalência e tipologia dos problemas relacionados com universo do
bullying são fonte de grande sofrimento para muitas crianças e adolescente, bem
mais do que os episódios conhecidos.
Neste contexto foi divulgado há dias que o ME está a
preparar um Plano de Combate ao Bullyin associado à campanha “Escola Sem
Bullying. Escola Sem Violência”.
Como é evidente registo todas as iniciativas que possam
contribuir para minimizar ou erradicar problemas, mas já me falta convicção no impacto do modelo mais habitualmente seguido.
Para cada constrangimento ou dificuldade percebida nas e
pelas escolas e com regularidade, aparece vindo de fora ou gerido de fora, um Plano, um Projecto, um Programa, uma Iniciativa, as combinações são
múltiplas, destinado a essa problemática.
Durante as últimas décadas, perco a conta a planos, projectos, programas, experiências inovadoras que
chegaram às escolas para combater o insucesso ou, pela
positiva, promover o sucesso, promover a leitura e escrita, promover a matemática, promover
a educação científica, promover a educação inclusiva, a relação entre escola e pais e encarregados de
educação, promover a expressão artística e a criatividade, promover
comportamentos saudáveis e actividades desportivas, literacia financeira, promover
a inovação e as novas tecnologias, para não falar de iniciativas mais "alternativas", por assim dizer, e que têm poderes mágicos, parece. A lista enunciada é apenas exemplificativa.
Com demasiada frequência muitos
destes projectos vêm de fora das escolas, as origens são variadas, não chegam a
envolver a gente das escolas, esmagada pelo trabalho, burocracia e outros constrangimentos
como, por exemplo, assegurar da melhor forma possível o dia-a-dia do trabalho
educativo que tem de ser realizado.
Com demasiada frequência muitos destes projectos morrem de “morta matada” ou de “morte morrida”, não são avaliados de forma robusta e dão umas fotografias ou vídeos que compõem o portfólio dos organizadores e proporcionam umas uma experiência que se deseja positiva aos intervenientes no tempo que durou, mas sem mais impacto.
Com demasiada frequência muitos destes projectos morrem de “morta matada” ou de “morte morrida”, não são avaliados de forma robusta e dão umas fotografias ou vídeos que compõem o portfólio dos organizadores e proporcionam umas uma experiência que se deseja positiva aos intervenientes no tempo que durou, mas sem mais impacto.
Todavia, preciso de afirmar que muitos destes Planos,
Projectos, Inovações, etc. dão origem a trabalhos notáveis que, também com
frequência, não têm a divulgação e reconhecimento que todos os envolvidos
mereceriam.
Também demasiadas vezes estas iniciativas consomem recursos
com baixo retorno e ao serviço de múltiplas agendas.
Ponto.
Tenho para mim, que não podendo a escola responder a todas
as questões que afectam quem nelas passa o dia poderia, ainda assim, fazer mais
se os investimentos feitos no mundo à volta da escola e que lhe vem bater à
porta com propostas fossem canalizados para as escolas.
Com real autonomia, com mais recursos e com modelos
organizativos mais adequados as escolas poderiam fazer certamente mais e melhor
que quem vem de fora numa passagem transitória, mais ou menos longa, mas
transitória. Sim, tudo isto deveria ser objecto de escrutínio, regulação e
avaliação também externa, naturalmente.
Escolas com mais auxiliares, auxiliares informados sobre sinais
que podem indiciar episódios de bullying, seria muito importante para além do mais
auxiliares poderiam fazer relativamente a outras matérias.
Directores de turma com mais tempo para os alunos e menos
burocracia poderiam desenvolver trabalho útil em múltiplos aspectos do
comportamento e da aprendizagem.
Psicólogo e outros técnicos em número mais adequado, o que
verifica é inaceitável, poderiam acompanhar, promover e desenvolver múltiplas
acções de apoio a alunos, professores, técnicos e pais.
Mediadores que promovessem iniciativas no âmbito da relação
entre escoa, pais e comunidade seriam, a experiência mostra-o, um investimento
com retorno.
São apenas alguns exemplos de respostas com resultados potenciais com um custo que talvez não seja superior aos custos de tantos
Projectos, Planos, Programas ou Iniciativas Inovadoras destinadas a múltiplas matérias e
com custos associados de “produção” que já me têm embaraçado, mas a verdade é que as agendas e
o marketing têm custos.
Ainda este propósito, ficar embaraçado, uma experiência
pessoal.
Há largos anos estava no Ensino Básico e foi-me pedido que
apresentasse numa escola do 1º ciclo um Projecto em desenvolvimento pela
Direcção-Geral destinado ao ensino de português a crianças de famílias oriundas
dos PALOP que aprendiam em português na escola e falavam crioulo em casa.
Apresentei o Projecto melhor que fui capaz aos professores da escola e no fim
alguém me disse de uma forma muito simpática, “Colega, o Projecto é muito
interessante, mas sabe, já temos 24 Projectos na escola, não podemos fazer
mais.”
Na verdade, a Projectite, sobretudo vinda de fora, é uma
opção com pouco potencial apesar, insisto, das boas experiências que também
conheço.
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