Agora vem dos Açores. A Secretaria Regional da Educação avançou a ideia de que poderiam ser aplicadas coimas aos pais que "não se envolvam na educação dos filhos". A ideia não é nova, o presidente da CONFAP, o Dr. Albino Almeida, há algum tempo atrás sustentou a mesma proposta que na altura comentei, discordando. Como aparece de novo na agenda, retomo algumas notas em estilo telegráfico ultrapassando uma primeira questão que remete para o que se deve entender por "envolvimento" na educação dos filhos.
1 - A maioria dos pais não gosta que os seus filhos sejam "maus". A maioria não sabe como fazê-los "bons". Estes precisam de apoio não de multas. Ponto.
2 - Uma minoria, muito pequena, de pais de miúdos "maus" são pais maus não estão interessados ou preocupados em ser bons, nem se preocupam com os filhos, são "negligentes". Nestes casos, o problema é, no limite, retirar a guarda dos filhos, a multa não mexe seguramente com a negligência destes pais. Ponto.
3 - Um miúdo "mau" levanta problemas numa escola, qualquer escola, onde existem umas dezenas largas de especialistas em educação que não conseguem "resolver" os problemas criados por esse miúdo "mau". Será que alguém que conheça estes cenários acredita que os pais serão capazes de resolverão mesmo se lhes retirarem parte do abono de família ou de qualquer outra prestação social? Não acredito. Ponto.
Dito isto, se de facto se quiser caminhar no sentido de envolver e responsabilizar a famílias dos miúdos "maus", o percurso será a criação de estruturas de mediação entre a escola e a família que permitam apoiar os pais dos miúdos maus que querem ter miúdos bons e identificar as situações para as quais, a comprovada negligência dos pais exigirá outra colocação para os miúdos.
O resto, do meu ponto de visa, é populismo, demagogia e desconhecimento que levará a que muita gente, lamentavelmente, aplauda a ideia. Os filhos dos outros são sempre o problema.
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