Depois de há algum tempo ter saído de exibição um êxito de bilheteira, o filme que dava pelo nome de “Dá-me o telemóvel”, centrado numa troca de opiniões sobre a posse de um telemóvel numa sala de aula, estreou com assinalável sucesso a obra “A professora que falava de sexo”, filme de outro género, aparentemente com menos violência, mas que tem sido excelentemente recebido. Tem sido objecto de inúmeras referências na imprensa e aguarda-se o seu desenvolvimento com alguma ansiedade.
Devo confessar que não vi o filme e estas notas destinam-se mais à forma como o mesmo tem sido acolhido pela crítica especializada e pelos espectadores anónimos. Como é evidente, sexo é algo de que não se pode falar em sala de aula, sobretudo em termos menos próprios, o pecado de uma professora pecadora e certamente atormentada com alguma eventual psicopatologia não devidamente acompanhada. Também é de registar a gravação à socapa, por parte da aluna e por sugestão da mãe, do comportamento delinquente da professora, é muito bem feito, é exactamente para isso que se devem utilizar as novas tecnologias em sala de aula e o youtube anseia por novidades estimulantes.
A imprensa tem abordado o filme sublinhando de forma variada a ideia de “falar de sexo” o que obviamente dá um colorido mais tentador. Espero algumas sequências no mesmo sentido, a abordagem de matérias inusitadas em sala de aula, como, “O professor que falava de futebol”, “A professora que falava da família”, “O professor que cantava”, “A professora que chorava”, “O professor que contava anedotas”, “A professora que falava de droga”, etc., etc. É evidente que os realizadores poderão ter opções criativas ou utilizar efeitos especiais que transformem estes filmes em potenciais “blockbusters”, a imprensa agradece.
Julguem e condenem severamente a “professora que falava de sexo” além de, se for caso disso, promoverem o tratamento compulsivo da grave perturbação psicológica que certamente terá. O mundo ficará em paz.
Agora mais a sério, no mundo da educação portuguesa, este episódio é coisa nenhuma e mais uma fonte de ruído e poluição ambiental. Não pretendo branquear ou minimizar nada, reafirmo que não conheço os detalhes nem estou particularmente interessado nisso, e entendo que qualquer incidente deve merecer o tratamento adequado, sei apenas que é fundamental, para toda a gente, distinguir o essencial do acessório, um episódio pontual de situações continuadas e mais generalizadas, etc.
De resto, de resto é um cansaço.
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