Na manhã deste domingo ao realizar a corrida habitual no Parque da Paz, um excelente "equipamento" como agora se chama, tive durante alguns metros a companhia de dois ciclistas, pai e filho, o gaiato de uns sete ou oito anos cuja bicicleta ainda levava as rodinhas de apoio que minimizam o risco do trambolhão.
O tempo breve deu para ouvir o miúdo perguntar ao pai se depois de andar de bicicleta podia ainda jogar futebol porque, cito de ouvido, "jogar à bola também é fazer exercício, não é pai?"
Não consegui ouvir a resposta do pai e podendo até ser injusto nesta situação particular, fiquei a pensar na vida de muitos miúdos que parece transformada numa agenda na qual se sucedem actividades de diferentes naturezas que são todas excelentes para tornar os miúdos fantásticos e que cumprem sempre algum objectivo "educativo" ou de "desenvolvimento" e que, portanto, são óptimas.
Jogar à bola, ou outra acção qualquer, é bom porque, quando é o caso, a gente gosta de jogar à bola porque sim, é a magia do prazer de fazer porque se gosta. Este tipo de actividades não podem fazer parte da vida dos miúdos assentando quase que exclusivamente no "tem que ser" porque "faz bem" a alguma coisa. O tempo "livre" deve ser isso mesmo, livre, e não um receituário terapêutico.
Brincar livremente continua a ser o melhor exercício que os miúdos podem fazer para ocupar os seus tempos livres, que cada vez estão mais reduzidos e menos livres.
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