sexta-feira, 16 de julho de 2010

A DERIVA

Como era previsível, a polémica medida de permitir, a título excepcional para este ano, que alunos reprovados no 8º ano se pudessem propor a exame do 9º, não surtiu efeito. Também fui dos que antecipei, não era difícil, este resultado. O ME confirma agora que nenhum aluno nestas condições concluiu o 9º ano.
De facto, como muitos dissemos, dificilmente um aluno com insucesso no 8º e sem frequentar o 9º poderia aparecer minimamente preparado para os exames. Poderia eventualmente acontecer, por milagre ou descoberta súbita de motivações e capacidades não utilizadas.
Depois do processo concluído fica então a questão. Sendo previsível o seu fracasso, sendo a medida onerosa para o ME pelo impacto, polémica e sinais de facilidade que passava, porquê a sua apresentação?
Do meu ponto de vista, só a entendo como mais uma evidência da forma reactiva, voluntarista e à deriva como esta equipa do ME tem vindo a actuar. As medidas aparecem sem coerência, reagindo a aspectos particulares e dispersos, com insuficiente análise de adequação, eficácia e impacto, criando ruído, turbulência e problemas que o universo da educação tem que baste.
Uma medida que desde o início pareceu uma mão cheia de coisa nenhuma, acabou, naturalmente, num mão cheia de nada.

3 comentários:

j. manuel cordeiro disse...

Mas... e se o exame tivesse sido fácil, sei lá, assim tipo acessível?

Zé Morgado disse...

Nem assim me parece que a medida teria os efeitos desejados pelo ME

Joaquim Ferreira disse...

Depois de um Engenheiro formado numa Nova Oportunidade, mais um menos um, não altera muito este Portugal de pacóvios... Aliás, os votos que alguns políticos conseguem devem-se mesmo a isso: serem uns chicos-espertos que condizem com a mentalidade da maioria dos portugueses que valorizam este tipo de pessoas... Aliás, revêem-se nos espertinhos que ultrapassam todos pela direita, desrespeitando o trânsito e colocando em risco a vida dos outros... Esses, sim, são os novos heróis que vingam na sociedade portuguesa. Os mais competentes, só se tiverem "cunha" é que conseguem ser aproveitados. Se não têm "cunha", preparem-se para usar as suas notas de 18 valores para colocar artigos numa qualquer prateleira de um hipermercado.... Por isso é que Não Calarei a Minha Voz Até que o Teclado se Rompa! .