A imprensa de hoje aborda três questões respeitantes à vida dos alunos que merecem alguma reflexão.
O DN refere que cerca de um terço dos estudantes, à volta de 500 000 alunos, recebem apoios da Acção Social Escolar. Este apoios incidem sobre o acesso a refeições, muitos alunos dependem das refeições na escola para satisfazerem o mínimo das suas necessidades, e no apoio para manuais e material escolar. Ainda assim, muitas famílias experimentam sérias dificuldades, acrescidas com um ensino, sobretudo no 3º ciclo, com excesso de disciplinas e que está altamente dependente dos manuais e respectivos livros de fichas, estes sem apoios na sua maioria mas considerados imprescindíveis pela generalidade dos professores que se acomodaram a um ensino altamente manualizado. Este cenário, dificuldades na Acção Social Escolar, requer a maior das atenções quando se fala de redução nas políticas sociais. É mais difícil aprender e ter sucesso quando se passa mal.
A segunda questão prende-se com um estudo divulgado no Público referindo que 13% dos adolescentes inquiridos terão sido vítimas de violência e 16% vítimas de abuso emocional. Para além do facto dos dados terem sido recolhidos em 2000 e de, aparentemente, o estudo conter outras fragilidades, importa sempre sublinhar que os maus-tratos são uma realidade a que não podemos deixar de estar atentos e que alguns comportamentos não podem ser envolvidos num perigosa ideia de "normalidade" desculpabilizante.
Finalmente, a terceira nota sobre a vida de estudante. As escolas de ensino superior estabelecem acordos com os bancos no sentido da produção dos cartões dos estudantes. Como é óbvio, a banca não brinca em serviço nem tem vocação altruísta, pelo que usa esses acordos para através de um marketing agressivo e, provavelmente, nos limites dos quadros legais, fidelizar e "impor" serviços indesejados pelos alunos, muitos milhares de alunos, aos quais estes não sabem como resistir. Às escolas de ensino superior também interessa o envolvimento nestes processos com as entidades bancárias porque, naturalmente, beneficiam, delegando, por exemplo, a produção dos cartões ou obtendo outro tipo de vantagens nas suas próprias operações.
Durante muito tempo era comum afirmar-se que a vida dos mais novos é que era boa e fácil, as dificuldades chegavam com a idade. Os tempos estão em mudança, a cruz pesa logo de início.
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