Na altura da morte trágica do Leandro em Mirandela e depois de concluído o inquérito da Inspecção-geral de Educação escrevi o seguinte.
"Segundo a conclusão da Inspecção-geral de Educação a escola e os colegas estão isentos de responsabilidades na morte do Leandro, o miúdo de Mirandela que morreu no rio Tua.
Não seria necessário fazer um grande esforço para antecipar os resultados do inquérito. Seria completamente improvável que ele viesse a estabelecer um nexo de causalidade entre os factos, mais conhecidos ou menos conhecidos, e a morte do Leandro. Por aqui nada de novo num país de brandos costumes que não saberia o que fazer se não fossem estas as conclusões, não saberíamos como lidar com tal culpa.
Também nada de novo no que respeita a um dos equívocos mais frequentes entre nós, a confusão entre culpa e responsabilidade que não são de todo a mesma coisa.
Nesta tragédia, com a criança encontrada e a família em luto, sou capaz de entender que não seja possível encontrar culpados, também não o faço. No entanto, tenho uma enorme convicção, a morte de uma criança naquelas condições tem certamente responsáveis, todos os que fazemos parte da comunidade."
Face às conclusões agora conhecidas do inquérito sobre a morte do professor Luís na Escola de Fitares apenas é necessário alterar os protagonistas para que o texto se adapte, tragicamente, a esta situação.
Não se comprova nexo de causalidade, não se comprova negligência ou incompetência das estruturas da escola face a sucessivos alertas que terão sido feitos pelo professor Luís. Como disse e repito, neste drama também acredito que não seja possível encontrar culpados, mas a morte de um professor nas circunstâncias em que ocorreu tem responsáveis, nós os que fazemos parte de comunidades desatentas aos sinais de sofrimento de miúdos e graúdos.
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