terça-feira, 25 de maio de 2010

CRECHES, JARDINS DE INFÂNCIA, EDUCADORES, MIÚDOS, FAMÍLIAS, FENPROF E SEUS INTERESSES

Já aqui tenho referido que uma das medidas em matéria de políticas de família mais impacto pode ter é a garantia de disponibilidade e acesso a creches e jardins de infância por parte das famílias. É sabido que nas zonas urbanas a oferta é claramente abaixo da procura. O DN de hoje refere que existem muitas instituições que já nem em lista de espera aceitam novas inscrições. Como também não se estranha, esta situação é mais evidente no chamado sector social, Instituições Privadas de Solidariedade Social, pois a mensalidade é decorrente do rendimento familiar. O facto de as famílias, ao construir dos seus projectos de vida conhecerem a dificuldade e os custos para assegurar a estadia dos filhos após as licenças de parto, é um sério obstáculo ao à natalidade.
Por coincidência, a Fenprof vem defender que os calendários de funcionamento do pré-escolar sejam semelhantes ao do ensino básico. A justificação remete para a necessidade de participação da(o)s educadoras de infância nas reuniões de avaliação e planeamento dos respectivos estabelecimentos e agrupamentos.
Do ponto de vista profissional e corporativo entendo, o discurso dos representantes sindicais habituou-nos a uma defesa quase exclusiva dos interesses profissionais e corporativos dos professores, muitas vezes com razão, e menos dirigida para os interesses da comunidade educativa, miúdos e pais, por exemplo. Não se discute a necessidade de reuniões de avaliação e planeamento na educação pré-escolar, mas equiparar o calendário dos jardins de infância ao ensino básico, considerando as especificidades curriculares, pedagógicas, idade dos miúdos e impacto social, parece-me apenas sustentável à luz de uma posição meramente corporativa e destinada a manter em aberto a conflitualidade imprescindível às agendas políticas que tomaram conta da educação em Portugal.

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