quarta-feira, 19 de maio de 2010

DESESPERANÇA

A capa do JN de hoje é assustadora, "730 000 portugueses desempregados". Embora, o Primeiro-ministro tenha referido alguns sinais positivos, em Abril baixou pela primeira vez o número de pessoas inscritas nos Centros de Emprego, o desemprego é a consequência mais grave da crise económica, importando também considerar a existência de cerca de dois milhões em risco de pobreza. Este quadro é arrasador e dificilmente permite algum optimismo a curto e médio prazo.
Neste contexto e obrigado pela ditadura de Bruxelas a contrariar os efeitos de décadas de políticas públicas despesistas e desreguladas, o Governo opta pelo mais fácil e de rentabilidade imediata, o aumento de impostos o que parece, creio, agravar a situação de vulnerabilidade em que aquelas pessoas se encontram.
É muito difícil entender e aceitar, por exemplo, que se aumente o IVA envolvendo bens essenciais, que tanto atinge os mais pobres como os mais ricos e que não se vá mais longe no corte de despesas como aquisição de bens ou serviços por parte da administração pública, central, local ou de instituições com tutela pública. A título de exemplo, sabe-se que existem centenas de institutos e organismos de duvidosa eficácia e desconhecidas competências que são um sorvedouro de dinheiro em termos de salários para a administração, custos de funcionamento, manutenção, etc.
Este cenário torna possível a incubação de dois tipos de atitude que podem coexistir mas que são sempre de efeitos sociais muito complicados. A desesperança, que promove a desistência e a entrega ou, do outro lado, a revolta com desenvolvimentos e dimensões imprevisíveis.
A desesperança e a revolta, juntas, podem ser pólvora.

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