Os mais assíduos por estas bandas, talvez recordem um texto de há uns tempos em que referia uma expressão usada pelo meu amigo Mestre Zé Marrafa, o velho que me ajuda nas tarefas do meu Alentejo. Dizia ele que perto é o que gente alcança e longe o que a gente não alcança, sublinhando que podemos sempre tentar alcançar e do longe fazer perto.
Lembrei-me desta ideia a propósito da escola e da relação que alguns miúdos estabelecem com ela. De facto, existem alguns gaiatos que não alcançam a escola, ou seja, na ideia do Velho Marrafa, para esses a escola estará mesmo longe, ainda que nela passando os dias. Quem convive com os cenários educativos reconhece certamente estes miúdos, tornam-se, muitos deles, bem visíveis, quando sentem que não alcançam a escola, que ela lhes fica longe, comportam-se de tal forma que a escola não pode deixar de olhar para eles e ficam, frequentemente, os alunos mais conhecidos da escola.
A questão é que enredada numa teia de burocracia, envolvida na deriva política dos interesses secundários, por vezes sem meios e recursos, responsabilizada por tudo e mais alguma coisa e permeável à negligência e falta de qualidade de alguns que a servem, a escola também não consegue, em muitas situações, alcançar estes alunos e fazê-los perceber-se perto de si.
Cumpre-se assim a narrativa de alguns miúdos, nasceram para viver fora do alcance, até deles próprios.
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