Um estudo promovido pela Deco vem evidenciar algo de que todos temos consciência, mesmo contra as disposições legais os menores de 16 anos conseguem comprar bebidas alcoólicas. De facto, em mais de metade dos estabelecimentos visitados foram vendidas bebidas a adolescentes. Algumas reflexões breves retomando uma temática que já aqui tenho abordado.
Uma primeira nota é o facto de os adolescentes comprarem cerveja e outras bebidas, as litrosas como lhes chamam, no comércio mais habitual, lojas de conveniência ou pequenos estabelecimentos de bairro, a um preço bem mais acessível que nos estabelecimentos que frequentam na noite e recorrendo à “toma” simples ou com misturas ao longo da noite, comprida aliás. Esta venda processa-se com a maior das facilidades e sem qualquer controlo da idade dos compradores, tal como o estudo da Deco comprovou. Muitos adolescentes evidenciam e quando inquiridos referem-no, a ausência de regulação dos pais sobre os gastos, sobre os consumos ou sobre as horas de entrada em casa, que muitas vezes tem que ser discreta e directa ao quarto devido ao “mau estado” do protagonista. Também, sobretudo nos tempos que correm, não podemos confiar no cumprimento das disposições legais que impedem a venda de álcool a adolescentes.
Como é evidente, já muitas vezes aqui o tenho referido com base na minha experiência de contacto com pais de adolescentes, não estamos a falar, sempre, de pais negligentes. Pode haver negligência mas, na maioria dos casos, trata-se de pais, que sabem o que se passa, “apenas fingem” não perceber, desejando que o tempo “cure” porque se sentem tremendamente assustados, sem saber muito bem o que fazer e como lidar com a questão. De fora parece fácil produzir discursos sobre soluções, mas para os pais que estão “por dentro” a situação é muitas vezes sentida como maior que eles.
É preciso que a comunidade esteja atenta a estes adolescentes de 13 ou 14 anos que, ilegalmente” compram as litrosas e aos seus pais que estão tão perdidos quanto eles.
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