O DN refere-se hoje à utilização da rede social Weduc em quatro escolas privadas. Esta rede social, do tipo do Facebook, instalada numa plataforma on-line permite o contacto em tempo real entre pais e escola, possibilitando, segundo citação de capa do jornal, "Escolas permitem controlar aulas dos filhos pela net". Esta ideia do controlo é recorrente na utilização da rede social, "controlar o desempenho deles na escola", "saber o que os filhos fazem na escola minuto a minuto", são exemplos das potencialidades da rede que se destina fundamentalmente a pais muito ocupados e a "pais-galinha" de acordo com os responsáveis. Algumas notas a este propósito.
Como muitas vezes tenho aqui afirmado, qualquer dispositivo que incremente o envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos é positivo. No entanto, esta ideia exacerbada do controlo merece alguma reflexão. Os tempos que atravessamos suportam o entendimento de que é possível e necessário controlar tudo. As novas tecnologias tornam-nos acessíveis, expostos, e instala-se com facilidade a ideia do controlo. Os miúdos têm desde muito cedo telemóveis porque, entre outras vantagens, dizem, isso permite maior controlo por parte dos pais.
Do meu ponto de vista e isto pode parecer paradoxal, apesar desta tentativa constante de aumentar o controlo, acho que os nossos miúdos não se sentem controlados, ou seja, os comportamentos de muitos miúdos e adolescentes evidenciam uma desregulação e mal-estar que contraria a ideia de que estão controlados.
Parece-me, portanto, que pode ser arriscado confundir a ideia de que o controlo à distância através de um "big brother", seja o caminho para que os miúdos e adolescentes cresçam controlados e desenvolvam comportamentos regulados e adequados socialmente. Vigiar, por mais importante que possa ser, não substitui educar, nem com pais ocupados, nem com "pais-galinha".
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