sexta-feira, 17 de junho de 2016

A DIÁRIA PROVA DE OBSTÁCULOS DAS PESSOAS DEFICIÊNCIA

Na passada 4ª feira a Confederação Nacional de Organismos de Deficientes e a Associação Portuguesa de Deficientes realizaram uma iniciativa prática a partir do Largo do Rato no âmbito do lançamento da campanha “Ir, Vir e Viver – Acessibilidade para todos”. 
A iniciativa não mereceu grande divulgação, os problemas das minorias são, evidentemente, problemas minoritários.
A campanha visa sensibilizar e reclamar condições de acessibilidade para as pessoas com mobilidade reduzida e a experiência serviu para mostrar a montanha de dificuldades existentes apesar de sucessivos compromissos e legislação visando a eliminação de barreiras. Embora a iniciativa tenha basicamente a ver com a mobilidade reduzida julgo que no mesmo plano, barreiras e mobiliário urbano se colocar os problemas das pessoas com deficiência visual que também nesta matéria enfrentam inúmeras dificuldades.
Embora não seja um problema exclusivo de Lisboa, a cidade não é em muitos aspectos uma cidade amigável para cidadãos com necessidades especiais como muitas vezes aqui tenho referido.
Um exemplo conhecido é um espaço emblemático como a Avenida Ribeira das Naus que foi recentemente recuperada após longas obras e mais parece uma pedreira das naus com inúmeros obstáculos, designadamente, para o uso de cadeira de rodas.
Mas há mais.
Quantas passadeiras para peões têm os lancis dos passeios rampeados ou rebaixados ajustados à circulação de pessoas com mobilidade reduzida que recorrem a cadeira de rodas?
Quantas caixas Multibanco são acessíveis a pessoas na mesma situação?
Quantos passeios estão ocupados pelos nossos carrinhos, com mobiliário urbano erradamente colocado, degradados, criando dificuldades enormes a toda a gente e em particular a pessoas com mobilidade reduzida e inúmeros obstaculos?
Quantos programas televisivos disponibilizam Língua Gestual Portuguesa tornando-os acessíveis à população surda?
Quantas crianças e adolescentes com necessidades especiais não acedem aos apoios especializados de que necessitam?
Quantas famílias de crianças com necessidades especiais não acedem a apoios sociais que lhes permitam responder às necessidades dos filhos?
Quantas crianças ou jovens com necessidades especiais vêem negado o direito à educação de qualidade por legislação inadequada, falta de regulação das práticas, falta de recursos técnicos, humanos, incluindo pessoal auxiliar, etc.?
Quantos jovens e jovens adultos com necessidades especiais estão a ser excluídos da participação na vida das comunidades a que pertencem com o suporte de uma legislação e modelos de serviços que os destrata?
Quantos ...
Na verdade, apesar do muito que já caminhámos, as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, bem como as suas famílias e técnicos sabem, sentem, que a sua vida é uma árdua e espinhos prova de obstáculos muitos deles inultrapassáveis.
Lamentavelmente, boa parte dessas dificuldades decorre do que as comunidades e as suas lideranças, políticas por exemplo, entendem ser os direitos, o bem comum e bem-estar das pessoas, de todas as pessoas.

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