terça-feira, 14 de junho de 2016

PARA OS MAIS POBRES E MENOS ESCOLARIZADOS A DOENÇA CHEGA PRIMEIRO

Segundo o Observatório Português dos Sistemas de Saúde as desigualdades sociais em saúde agravaram-se nos últimos 10 anos. O risco de doença aumenta significativamente com baixa escolaridade, baixos rendimentos ou com a idade. Como afirma José Aranda da Silva, um dos coordenadores do observatório. “Continuam a ser os mais pobres os mais doentes e os mais doentes os mais pobres”.
Nada de novo e na linha da generalidade dos estudos nacionais e internacionais.
No mesmo sentido as desigualdades também se repercutem fortemente na esperança da vida, ou seja, para os mais pobres a morte, tal como a doença, chega primeiro.
Recordo que em 2012, Michael Marmot um conhecido especialista em políticas públicas de saúde, esteve em Portugal e apresentou os resultados dos estudos que tem vindo a desenvolver no domínio da ligação entre desenvolvimento económico e educativo, saúde, crescimento e esperança de vida. Os trabalhos são conhecidos e os resultados referiam-se não só a realidades muito contrastadas, países europeus e africanos, mas também a diferenças significativas existentes, por exemplo em Inglaterra ou na Suécia, nas implicações dos níveis de desenvolvimento, designadamente no que respeita ao nível escolar, nas condições de saúde e esperança de vida dos cidadãos.
Os resultados não são surpreendentes, estão encontrados há muito tempo em diferentes estudos e, como vemos pelos dados agora conhecidos mantêm-se.
Em primeiro lugar há que considerar a importância decisiva que em todas as dimensões da vida das pessoas assumem a qualificação e a informação. Melhores níveis de formação promovem melhor qualidade nos estilos de vida. Não existe qualificação e informação a mais.
Em segundo lugar, quando tanto se fala no estado social, nos limites desse estado, a privatização de serviços, por exemplo na educação e na saúde, é fundamental perceber e entender que a comunidade tem sempre a responsabilidade ética de garantir a acessibilidade de toda a gente aos cuidados básicos de saúde e educação.
Os tempos que temos vivido criando obstáculos ao acesso aos serviços de saúde são ameaçadores.
Como afirma Michael Marmot, todas as políticas podem ser avaliadas pelos seus impactos na saúde. 

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