quarta-feira, 8 de junho de 2016

DO ENSINO SUPERIOR

O Governo considera a hipótese de que o Ensino Politécnico atribua o grau de doutoramento.
A proposta assenta no entendimento de que este doutoramento teria uma natureza mais profissional e maior ligação às empresas em nome da sempre presente “funcionalidade” e “aplicabilidade” do conhecimento.
Parece-me ajustado que a formação de 3º ciclo, o doutoramento, possa ser de natureza profissionalizante, mesmo no cenário actual em que os doutoramentos são da responsabilidade exclusiva das universidades ou institutos universitários, mas tenho alguma reserva face à intenção agora conhecida até porque, como a tutela entende, muitos dos institutos politécnicos difilmente terão condições para atribuição do grau.
O que me parece essencial, mas evidentemente mais difícil politicamente, é a reorganização da rede e a análise do papel do ensino superior universitário e politécnico num país com a nossa escala e com uma rede, pública e privada, altamente sobredimensionada.
Porque não a transformação dos Institutos Politécnicos em Universidade com a integração e diversificação da tipologia da oferta? Porque não o aprofundamento de associações ou consórcios que racionalizassem a oferta, em vez de todos a fazer tudo ou quase tudo, numa dispersão por vezes redundante para a nossa escala e a introdução de mais “oferta” com contornos pouco claros?
Este caminho de “meia licenciatura”, “meio mestrado” e, eventualmente “meio doutoramento”, é mais fácil, vai ao encontro das necessidades estatísticas, mas coloca dúvidas relativamente à sua eficácia e à manutenção de uma rede manifestamente desajustada e mais pesada em termos económicos, a que acresce ainda o subsistema privado, universitário e politécnico.

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