A RTP dedicou esta semana que marca o arranque do ano lectivo às questões da educação. Na edição de hoje, entre outros assuntos, abordou-se a situação dos professores contratados que ao não obterem colocação se sentam com ansiedade e angústia em frente a um computador para conhecer as “necessidades transitórias de escola” que, muitas vezes, de transitórias têm pouco. Algumas vezes conseguem uma colocação, frequentemente, cumprindo horários incompletos e longe de casa levando a que em muitos casos as pessoas pagam para trabalhar retirando apenas a “vantagem” de acumular tempo de serviço.
No programa televisivo ouviram-se alguns testemunhos de pessoas já com muitos anos de serviço, que todos os anos têm sobre si o espectro do desemprego, mudando constantemente de poiso num périplo forçado pelo país com tremendas consequências nos projectos de vida das pessoas, daí a referência à vida adiada que titula o trabalho.
O desemprego entre os professores releva, obviamente, de medidas de política educativa com erros de décadas e outros bem mais actuais, mas também da demissão da tutela do ensino superior no sentido de regular e equilibrar a oferta de formação considerando as necessidades do sistema e a evolução demográfica. Por outro lado, o modelo de gestão da colocação de professores carece de óbvia alteração, designadamente, caminhando numa perspectiva de regionalização e localização que acompanhe a necessária autonomia das escolas.
Mais do que os professores, alguns com muitos anos de experiência, que têm vidas adiadas, mantendo a dependência familiar ou adiando a vida familiar própria, é a transformação do país num país adiado que inquieta, por exemplo, quando os “privilegiados” professores que obtiveram colocação olham para as crianças que se sentam todos os dias à sua frente.
Parece também adiada a esperança e a confiança num futuro melhor.
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