Era uma vez um Homem que sabia tudo, de tudo, mesmo de tudo. As pessoas acreditavam, parecia mesmo que acreditavam porque o homem sabia tudo de tudo.
Discutia-se qualquer assunto na televisão e o Homem aparecia a ensinar o que todos deviam saber e pensar sobre isso. Se aparecesse uma dúvida sobre o que quer que fosse, o Homem compunha aquele ar de sábio que só ele tinha e esclarecia. Não havia jornal que não citasse o Homem que sabia tudo a propósito de qualquer coisa.
Não havia, pois, um dia em que o Homem que sabia tudo não aparecesse a ensinar. Vivia feliz de tão sábio e de tão ouvido. Quando não estava a mostrar o tudo que sabia, estava sempre só, porque o tempo, todo o tempo, que tinha era para tentar saber mais. As pessoas que se cruzavam com ele nem ousavam dirigir-lhe a palavra com medo de tanto saber. Só um Rapaz, com o atrevimento ingénuo que a idade cura, falava para o Homem que sabia tudo.
Chamava-lhe, “Fala só”. Era a única circunstância em que o Homem que sabia tudo não conseguia ensinar alguém. Os miúdos costumam atrapalhar os homens que sabem tudo, ainda não acreditam nisso.
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