Quem por aqui vai passando já se cruzou com o Mestre Zé Marrafa. É a nossa ajuda na lida no monte e na companhia há quase trinta anos, neste últimos já com a ajuda do Valter. O Mestre Zé está a passar mal, o enorme coração que ele tem traiu-o e vamos ver como vai ser, mas está difícil, ele que sempre me respondia que estava “rijo”.
Hoje tenho-me lembrado muito dele,
das lérias, da história de vida, da mestria sobre o campo e sobre o mundo que
sempre foi o dele e, inevitavelmente, recordo que já vai um pouco para além dos
oitenta, mas estava com a gente na lida, o Mestre Zé é um homem vontadeiro, um dos
muitos termos que aprendi com ele.
O Mestre Zé diria que não tem
nada ver com a idade. Lembro-me de uma vez, num dia quente como este, ele se queixar
de uma dor no joelho. Sem saber como ajudar e para me meter com ele fiz aquele
comentário inteligente e habitual em situações em que a queixa provém de alguém
já com uma estrada longa, por assim dizer, "é da idade Mestre Zé"
O Velho Marrafa olhou para mim e
no seu jeito de sempre decretou:
“Não Sô Zé, isto não é da
idade, o outro joelho não me dói e eles são os dois da mesma idade”.
É isso Mestre Zé, tem de voltar.
Lembre-se que combinámos fazer o primeiro descortiçamento a uns sobreiros que
plantámos em 2011 e que demora 25 anos. Faltam 14 anos, você terá 96 e eu 82. E
nunca deixámos uma promessa por cumprir.
Até logo Mestre Zé e ponha-se bem.
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