Estamos de férias, apesar de ainda termos exames do secundário em Agosto o ano lectivo pode considerar-se terminado e permitir umas notas genéricas sobre a educação, a escola, que por cá vamos vivendo.
Um primeiro sublinhado para a
continuidade de um discurso excessivamente partidarizado sobre a escola. Do meu
ponto de vista seria absolutamente necessário um discurso político sobre políticas
em matéria educativa que fosse sério, coerente, com rumo e metas definidas a
prazo. Seria desejável que as políticas públicas educativas enquadrem a
organização e avaliação do sistema, escolas, professores e alunos numa
perspectiva sólida, cientificamente competente e consensualmente estabelecida o
que não significa unanimidade.
Ao contrário, os discursos sobre
a educação decorrem, na sua maioria, das agendas de interesses partidários ou
corporativos ou ainda meramente opinativos (porventura como este) e inibem ou
dificultam qualquer discussão séria sobre as inúmeras questões que se colocam.
As decisões entretanto tomadas são reactivas, desenhadas de forma apressada e
parecendo completamente à deriva, sem um fio condutor, feitas de intenções de
avanço e decisões de recuo, associadas a múltiplas inicativas, com demasiada frequência exteriores à escola, ou por medidas por vezes insustentáveis e de
aplicação cega.
O clima nas escolas continua
crispado, a conflitualidade de interesses, que é óbvia, que é natural e que
pode ser factor de mudança pela busca de entendimentos, emerge mais como
bloqueio do que como factor de mudança. Importa ainda reflectir sobre a
governança e burocracia que pesa sobre agrupamentos, escolas e professores.
Os resultados divulgados,
sobretudo, os que se prendem com os resultados dos alunos, estão
permanentemente sob desconfiança face às habilidades e pressão para a construção
de estatísticas educativas positivas que podem não corresponder a melhoria de
qualidade. Por outro lado, nem sempre são claras e adequadas as medidas que
visam minimizar resultados menos bons.
No entanto, em termos de balanço
e apesar deste "dark side of the school", vale sempre a pena, mas
mesmo sempre, não esquecer que a maioria dos alunos trabalhou bem, com
resultados positivos entre a excelência e o satisfatório, que a maioria dos
professores procuraram empenhadamente e de forma competente promover o sucesso
dos seus alunos, que a maioria das escolas, apesar dos problemas próprios a
estas estruturas, funcionou de forma a que o trabalho de alunos e professores
corresse o melhor possível, que a maioria dos pais, com maior ou menor
dificuldade e com maior ou menor competência contribuiu também para o sucesso
dos filhos, etc.
Acho que nos desabituamos de registar
as coisas que, apesar das dificuldades, vão correndo bem, o que também é um
sinal que nos deveria fazer reflectir.
Sem comentários:
Enviar um comentário