terça-feira, 2 de agosto de 2022

ANO ESCOLAR TERMINADO (QUASE)

 Estamos de férias, apesar de ainda termos exames do secundário em Agosto o ano lectivo pode considerar-se terminado e permitir umas notas genéricas sobre a educação, a escola, que por cá vamos vivendo.

Um primeiro sublinhado para a continuidade de um discurso excessivamente partidarizado sobre a escola. Do meu ponto de vista seria absolutamente necessário um discurso político sobre políticas em matéria educativa que fosse sério, coerente, com rumo e metas definidas a prazo. Seria desejável que as políticas públicas educativas enquadrem a organização e avaliação do sistema, escolas, professores e alunos numa perspectiva sólida, cientificamente competente e consensualmente estabelecida o que não significa unanimidade.

Ao contrário, os discursos sobre a educação decorrem, na sua maioria, das agendas de interesses partidários ou corporativos ou ainda meramente opinativos (porventura como este) e inibem ou dificultam qualquer discussão séria sobre as inúmeras questões que se colocam. As decisões entretanto tomadas são reactivas, desenhadas de forma apressada e parecendo completamente à deriva, sem um fio condutor, feitas de intenções de avanço e decisões de recuo, associadas a múltiplas inicativas, com demasiada frequência exteriores à escola, ou por medidas por vezes insustentáveis e de aplicação cega.

O clima nas escolas continua crispado, a conflitualidade de interesses, que é óbvia, que é natural e que pode ser factor de mudança pela busca de entendimentos, emerge mais como bloqueio do que como factor de mudança. Importa ainda reflectir sobre a governança e burocracia que pesa sobre agrupamentos, escolas e professores.

Os resultados divulgados, sobretudo, os que se prendem com os resultados dos alunos, estão permanentemente sob desconfiança face às habilidades e pressão para a construção de estatísticas educativas positivas que podem não corresponder a melhoria de qualidade. Por outro lado, nem sempre são claras e adequadas as medidas que visam minimizar resultados menos bons.

No entanto, em termos de balanço e apesar deste "dark side of the school", vale sempre a pena, mas mesmo sempre, não esquecer que a maioria dos alunos trabalhou bem, com resultados positivos entre a excelência e o satisfatório, que a maioria dos professores procuraram empenhadamente e de forma competente promover o sucesso dos seus alunos, que a maioria das escolas, apesar dos problemas próprios a estas estruturas, funcionou de forma a que o trabalho de alunos e professores corresse o melhor possível, que a maioria dos pais, com maior ou menor dificuldade e com maior ou menor competência contribuiu também para o sucesso dos filhos, etc.

Acho que nos desabituamos de registar as coisas que, apesar das dificuldades, vão correndo bem, o que também é um sinal que nos deveria fazer reflectir.

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