No contexto da actual e previsível falta de professores, o ME decidiu que os cidadãos com licenciaturas pós-Bolonha podem aceder à docência através da contratação de escola. Para acesso à carreira de professor continuará a ser exigido um mestrado em ensino.
Embora ainda não se conheça o cenário final em matéria de
requisitos de formação, a decisão tem levantado algumas dúvidas apesar do
reconhecimento da falta de docentes e da dificuldade de a curto prazo poder ser
minimizada.
Como sou optimista creio que vai correr bem. Algumas notas.
Como é reconhecido em Portugal temos um universo sem fim de especialistas
em educação. Qualquer cidadão que tenha visto uma criança na rua, falado duas
ou três vezes com adolescentes ou, naturalmente, tenha filhos é um especialista
em educação.
Por outro lado, todos os potenciais candidatos andaram na
escola e conheceram professores, possuem, assim, um lastro de experiência que
será obviamente mobilizada quando entrarem na sala de aula.
Também sabemos que se vive em plena onda de “capacitação”, o
que que permite uma oferta sem fim nos conteúdos, nos formatos e na duração de dispositivos de formação que, obviamente, minimizará rapidamente alguma eventual necessidade.
Um outro dado que me parece contributivo para o a tranquilidade
deste processo é o clima das escolas e o seu modelo de funcionamento e
liderança, professores com tempo e disponibilidade para apoio e cooperação com
os novos colegas, recursos e apoios suficientes que contribuirão para o sucesso
do trabalho, podendo ainda contar com os benefícios da municipalização da
educação em todas as áreas de competência.
Acontece ainda que também sabemos que para além do
conhecimento é preciso “jeito” e “perfil” para ser professor. Todos tivemos professores
altamente qualificados em que não lhes reconhecíamos o “jeito” e professores
menos habilitados com quem gostámos de trabalhar e aprendemos, tinham “jeito”,
lá está.
O que pode acontecer é que estes novos professores que venham
a revelar “jeito” e saber não acedem à carreira de docente. No entanto, também
me parece que com o actual modelo de carreira, com o estatuto social e salarial
existente, a carreira docente será um projecto de vida pouco atractivo. A ver
vamos.
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