Uma nota muito pequena. No Público encontra-se um trabalho com a participação de alunos que frequentam cursos de formação de professores e a sua escolha desta profissão. Sem surpresa os seus discursos balançavam entre a ingenuidade e o desconhecimento do que é a realidade de um professor, no papel de professor, pois conhecem a realidade de professores, mas a partir do seu papel de alunos.
Sem estranheza assumem querer “fazer”
numa escola diferente da que tiveram, ou. Reproduzir o que gostaram da escola
que tiveram. Também sem estranheza, os seus discursos contêm algum romantismo, a vontade e capacidade de mudar o mundo. No entanto, acredito que certamente poderão mudar
o mundo a alguns dos alunos que virão a conhecer.
Uma última estranheza para os muitos
comentários que vi a esta peça, alguns vindos de quem já está na escola, a
superioridade da “experiência” é sempre afirmada, também caio nesta tentação. Também
vi questionada a sua formação que, provavelmente, em muitas situações não será
assim tão diferente do que outras gerações tiveram e, obviamente, produziu bons
e menos bons profissionais porque, felizmente, … somos diferentes.
Sabemos todos das dificuldades e
constrangimentos criados por políticas públicas inadequadas, pela burocracia
esmagadora, pela insuficiência de recursos, pela desvalorização dos professores
e da sua carreira, entre outras dimensões.
Mas dito isto, deixemos que
sonhem, que queiram mudar o mundo, que queiram ser os professores que não
tiveram ou como os professores que os inspiraram.
Bom trabalho para eles e para todos os
novos "quase" professores e que nos vão dizendo como corre.
2 comentários:
Intriga-me bem mais o (des)conhecimento dos professores destes jovens.
Também eu sou professor na formação inicial de professores e o que ensino, porque veiculado nas metodologias mais credenciadas do saber, é exatamente o contrário disto. E eles percebem bem. Quando vão para estágio confirmam.
Olá Rui, a questão é complexa. Por um lado, temos assimetrias relativas à formação inicial disponibilizada, por outro lado, a inexistência de dispositivos de regulação do trabalho lectivo separados da avaliação que, como sabemos, é ainda outra variável nesta equação. Boas férias.
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