A imprensa de hoje divulga resultados de um estudo, “Saúde e estilos de vida dos estudantes universitários à entrada da universidade”, que procurou caracterizar saúde e bem-estar físico e emocional de jovens alunos do primeiro ano da Universidade de Lisboa.
O trabalho envolveu 1143 estudantes do 1.º ano de 17
faculdades e institutos da Universidade de Lisboa, sendo que o grupo mais
representado, 21%, pertence ao Instituto Superior Técnico.
Em linha com estudos já desenvolvidos com outros grupos
etários emergem situações problemáticas no âmbito da saúde mental, privação de
sono, preocupações, má alimentação, sedentarismo ou o uso excessivo de ecrãs.
Por outro lado, face a trabalhos anteriores regista-se menor
consumo de álcool e de tabaco que, no entanto, pode ainda estar associado aos
períodos de confinamento aguardando-se avaliações futuras.
Como aqui já tenho referido, a experiência abrupta dos
períodos de confinamento total por que passaram milhões de crianças e
adolescentes em todo o mundo com o encerramento de escolas e, praticamente, de
todos os serviços da comunidade de que são utentes, não podia deixar de ter
implicações no seu bem-estar.
Desde logo e naturalmente pelo impacto no seu trajecto
educativo e de aprendizagem, mas também no seu bem-estar, na sua saúde mental.
Aliás, também nos adultos é considerável este impacto como estudos realizados
com professores têm evidenciado.
De facto, têm sido múltiplos os estudos que referem esta
questão, a deterioração da saúde mental de crianças e jovens, mas também de
adultos, designadamente professores no quadro da pandemia e, no caso de
docentes, de questões de natureza profissional. Os confinamentos a que se
associaram os períodos de isolamento, a falta de rede social dos pares, as
dificuldades de diversa ordem sentidas nos contextos familiares terão dado um
contributo significativo. Os dados mais recentes acentuam a importância desta
matéria.
Deste quadro resulta a necessidade e urgência de atenção à
saúde mental de crianças e jovens ainda que habitualmente a saúde mental seja
um parente pobre das políticas públicas.
Assim, é fundamental que as comunidades educativas,
incluindo o ensino superior, tenham os recursos ou dispositivos de acesso a
esses recursos que acomodem as situações de vulnerabilidade psicológica e
mal-estar.
Crianças, adolescentes e jovens são, felizmente, mais
resistentes do que por vezes parecem, o que nos dá algum optimismo face à
melhoria dos indicadores conhecidos. No entanto, como já tenho escrito, importa
estar atento aos sinais de mal-estar para que se não avolumem e agravem.
Ao que tem sido divulgado o Plano de Recuperação e Resiliência
prevê um investimento nos serviços de saúde incluindo a saúde mental, a ver
vamos.
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