Abrigado do calor áspero que se sente no Alentejo passava a habitual viagem pela imprensa. Nos tempos que vivemos será certamente considerado uma irrelevância, mas tropecei com uma notícia no JN que me fez viajar no tempo. Conta-se que se reformou um dos últimos polícias sinaleiros ainda em actividade em Lisboa. No caso, era uma figura muito popular na cidade exercendo funções na zona de Belém.
É mais uma marca de identidade
que vai desaparecendo e confesso que fiquei um pouco detido nesta “irrelevância”
que sem saudosismo, mas com nostalgia me fez recordar o tempo dos muitos polícias
sinaleiros e da sua característica farda.
Nos tempos de miúdo víamos os
“cabeças de giz”, como eram conhecidos devido ao vistoso capacete branco, numa dança
em cima da peanha executada ao som de um estridente apito a dar fluidez ao
trânsito que também naquela altura tinha pouco a ver com os tempos de hoje. Alguns
colocavam especial empenho nessa “dança” e na empatia com condutores e peões.
Não sei se são mais eficientes ou
menos eficientes que os semáforos. Gosto de acreditar que serão mais
eficientes. No entanto, tenho a certeza de que a cidade era mais humanizada e
no caso deste agente era-o seguramente.
Já não se encontram polícias
sinaleiros, tal como não se encontram limpa-chaminés ou varinas. Os amoladores
a gaita que com que se anunciam e os guardas-nocturnos também já raramente se
encontram.
Não sei se é isto que se chama
progresso, mas também é a isto que se chama memória.
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