domingo, 12 de junho de 2022

O POLÍCIA SINALEIRO

 Abrigado do calor áspero que se sente no Alentejo passava a habitual viagem pela imprensa. Nos tempos que vivemos será certamente considerado uma irrelevância, mas tropecei com uma notícia no JN que me fez viajar no tempo. Conta-se que se reformou um dos últimos polícias sinaleiros ainda em actividade em Lisboa. No caso, era uma figura muito popular na cidade exercendo funções na zona de Belém.

É mais uma marca de identidade que vai desaparecendo e confesso que fiquei um pouco detido nesta “irrelevância” que sem saudosismo, mas com nostalgia me fez recordar o tempo dos muitos polícias sinaleiros e da sua característica farda.

Nos tempos de miúdo víamos os “cabeças de giz”, como eram conhecidos devido ao vistoso capacete branco, numa dança em cima da peanha executada ao som de um estridente apito a dar fluidez ao trânsito que também naquela altura tinha pouco a ver com os tempos de hoje. Alguns colocavam especial empenho nessa “dança” e na empatia com condutores e peões.

Não sei se são mais eficientes ou menos eficientes que os semáforos. Gosto de acreditar que serão mais eficientes. No entanto, tenho a certeza de que a cidade era mais humanizada e no caso deste agente era-o seguramente.

Já não se encontram polícias sinaleiros, tal como não se encontram limpa-chaminés ou varinas. Os amoladores a gaita que com que se anunciam e os guardas-nocturnos também já raramente se encontram.

Não sei se é isto que se chama progresso, mas também é a isto que se chama memória.

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