As referências à produtividade e competitividade no mercado de trabalho são constantes e entendidas como imprescindíveis ao nosso desenvolvimento.
Neste sentido e nos anos mais recentes, a busca de
produtividade e competitividade tem assentado erradamente em abaixamento de
salários, aumento da carga horária e flexibilização das relações laborais, isto
é, na precariedade.
Os resultados não têm sido brilhantes como se sabe o que, de
facto, não é surpreendente. Mais trabalho não significa melhor trabalho como muitos
estudos e a análise de outras realidades, mesmo as de quem nos critica e impõe
aquelas medidas, mostram.
Na verdade, existem factores menos considerados nas decisões
políticas que desempenham um papel fundamental na produtividade e na
competitividade. Os modelos de organização e funcionamento das empresas e
instituições organização, ou seja, a qualidade das lideranças nos contextos
profissionais são um relevante factor. O nível de desperdício no esforço, nos
meios e nos processos em alguns contextos laborais é extraordinariamente
elevado.
Relembro que os empregadores portugueses, sobretudo nas
médias, pequenas e microempresas, as que asseguram a grande fatia dos postos de
trabalho, possuem um baixíssimo nível de qualificação em termos europeus, excepção
feita, evidentemente, a alguns nichos.
Em trabalho hoje divulgado, a edição de 2022 do estudo
realizado pela Fundação José Neves, “Estado da Nação”, volta a evidenciar-se
que continuamos a ter a maior percentagem de empregadores sem o ensino secundário
completo, 47% sendo que a média europeia é de 16.4%.
Dados do mesmo relatório também mostram que, apesar das
perdas salariais nos últimos anos, a qualificação continua a compensar no
estatuto salarial.
Seria desejável que o Plano de Recuperação e Resiliência
considerasse seriamente e com competência a qualificação profissional como eixo
crítico da produtividade e desenvolvimento. Como tantas vezes afirmo, a
qualificação é um bem de primeira necessidade ainda que seja caro.
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