Para fugir à agenda ... ou talvez não.
Lá naquela terra onde acontecem coisas, havia um homem
chamado Emproado. Sempre assim foi chamado. Em qualquer assunto que estivesse
em discussão, o Emproado envolvia-se e começando com um característico "É
assim ...", que, aliás, também era costume naquela terra, colocava um
ponto final na discussão, ou seja, a sua ideia ou conhecimento, por definitivos
e inquestionáveis, tornavam desnecessário qualquer acrescento. O Emproado,
levantava um pouco mais a proa, o queixo, sorria com um ar de agradecimento
pela missão de esclarecimento e partia para outra exibição. Metia-se em tudo e
mais alguma coisa e com o seu ar de Emproado parecia, procurava parecer, o mais
importante e imprescindível personagem da história que estivesse a acontecer.
O Emproado, no seu tom de quem tem o mundo aos pés e com a
inteligência de saber a quem baixar a proa, por assim dizer, foi conseguindo
ocupar pequenos lugares de poder oferecidos por quem o Emproado servia com os
seus discursos, lugares que, por sua vez, alimentava com o uso dos pequenos
poderes que lhe eram conferidos. Assim se cumpria a vida do Emproado.
O Emproado sentia-se o mais realizado dos homens, respeitado
por todos e por todos reconhecido.
Na verdade, o Emproado não percebia que era o mais desprezado
dos homens, desprezado pelos que o usavam e pelos que ele achava que o ouviam.
Mesmo naquela terra onde acontecem coisas, pouca gente gosta de Emproados.
Mas existem demasiados Emproados naquela terra.
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