Estão a decorrer os exames finais do secundário. Dentro de pouco tempo milhares de jovens vão fazer escolhas. Lembrei-me de uma história.
Era uma vez um Rapaz que vivia numa família curiosa. Desde
pequeno o Rapaz começou a ouvir os pais a dizer e a esperar, que tudo o que o
Rapaz fizesse deveria ser sempre muito bem feito. Era preciso dar o salto,
diziam eles, querendo significar que o Rapaz não podia ser como os outros,
tinha de ser melhor, sempre.
Quando entrou na escola o Rapaz ia cumprindo de forma
positiva a tarefa de aprender, mas todos os dias os pais lhe lembravam que ele
tinha de ser mais perfeito, de preferência o melhor, ou seja, tinha de dar o
salto.
O Rapaz, como quase todos os rapazes, ia tentando
corresponder e esforçava-se para melhorar o seu desempenho na generalidade das
tarefas, mas no fim, lá ouvia que podia fazer melhor, era preciso dar o salto.
Ao chegar à adolescência e ao tempo das escolhas, para
dentro e para fora, o Rapaz começou a pensar na narrativa que o levaria ao
futuro. Desde logo foi ouvindo dos pais que aquela escolha, aquelas escolhas,
eram a escolha dos medíocres, dos que não chegariam a lado nenhum, dos que,
claro, não davam nem nunca dariam o salto. A situação não ficou fácil, de um
lado, o seu, o Rapaz sentia a pressão de escolher o caminho que queria
percorrer, do outro, uma pressão cada vez mais pesada no sentido de dar o
salto, a grande e contínua exigência dos pais.
Um dia, o Rapaz decidiu-se. Deu o salto, um enorme e
definitivo salto.
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