O Ministro da Educação afirmou que os números relativos à falta de docentes são “alarmistas”, são casos normais, pois sempre temos professores que adoecem, se reformam ou estão ausentes por qualquer outra razão.
No mesmo órgão de imprensa, DN,
lê-se que cerca de 10000 alunos ainda não têm professores em todas as
disciplinas, estão por preencher 196 horários, 1933 horas.
Escapa-me qual o patamar a partir do qual a situação já não é normal. É verdade que o Ministro tem
alguma propensão para evidenciar uma visão mágica da realidade, ou seja, a
realidade é a projecção dos meus desejos. Mas não, não é.
O ministro tem razão quando
afirma que a falta de docentes não é de agora, embora, por razões óbvias se
agudize. Os governos de José Sócrates e de Passos Coelho deram forte contributo para a actual falta de docentes e para o êxodo de muitos professores alicerçada na narrativa “manhosa” dos
professores a mais e sem um pensamento do que seria o curto e médio prazo. Está a está
a ver-se agora.
Mas a verdade é que o Ministro
Tiago Rodrigues é o actual responsável, sublinho, responsável pelas políticas
públicas em educação.
O que se espera de um
responsável, não é a negação da realidade. Espera-se que promova a discussão,
as propostas, as decisões e os caminhos para a minimização dos problemas.
A sobreutilização das horas extraordinárias por uma população envelhecida, em situação de cansaço
profissional, esmagada por uma carga burocrática sem fim, enredada em
dispositivos de avaliação pouco transparentes e frequentemente injustos, com
uma carreira pouco valorizada e valorizadora ou o recurso a pessoas com qualificação
académica mais sem habilitação para a docência, podem minimizar dificuldades,
mas acabam por fazer parte do problema.
Mais uma vez Senhor Ministro, a
primeira etapa para a resolução de um problema é reconhecer a sua existência,
não é negá-lo e também sei que não fácil e não se resolve imediatamente, mas temos
de encontrar um caminho e o Senhor é o responsável. Ou não?
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