Leio no Público que, conforme já acontece em boa parte dos países europeus, a Direcção-Geral de Estatística da Educação está a desenvolver uma ferramenta com o objectivo de avaliar e construir uma informação mais robusta sobre o abandono escolar.
Pretende-se construir informação
que permita o acompanhamento próximo do aluno e das escolas, identificando
perfis de risco ou preditores de abandono que possibilitarão o desenvolvimento
de intervenções oportunas prevenido e combatendo o abandono escolar. Já agora é de desejar que o dispositivo a estruturar não seja mais um contributo para a burocracia platafórmica. Se assim for não ficará do lado da solução, mas do problema.
Manter-se-á ainda o actual modelo que
envolve o INE e a construção de dados sobre abandono no quadro do Eurostat.
Assim enunciado parece-me um
passo positivo.
Sabemos que os dados do abandono escolar construídos pelo INE
têm vindo a mostrar um abaixamento que se regista, mas importa não esquecer o caderno
de encargos que ainda continuamos a ter pela frente, pois sendo importante que
os alunos não abandonem, ainda precisamos de assegurar que a sua continuidade
tem sucesso.
Temos indicadores que mostram que
muitos alunos, estando “ligados” à máquina educativa, ainda lutam, por razões
diversas, por uma trajectória bem-sucedida e importa que cumprir a escolaridade
signifique mesmo percursos escolares promotores de competências e capacidades.
Só assim se promove a construção
de projectos de vida viáveis, que proporcionem realização pessoal e sejam base do
desenvolvimento das comunidades.
Neste caminho é fundamental que a
qualidade dos processos educativos e que a existência de dispositivos de apoio
competentes e suficientes às dificuldades de alunos e professores na
generalidade das comunidades educativas seja uma opção clara pois é uma ferramenta
imprescindível à minimização do insucesso e abandono.
Por outro lado, importa não
perder de vista a população que abandona e que está em alto risco de que tal
aconteça. Neste sentido é fundamental que a oferta de trajectos diferenciados
de formação e qualificação ou as iniciativas anunciadas no âmbito do ensino
superior tenham os meios necessários e se resista à tentação do trabalho para a
“estatística”, confundindo certificar com qualificar.
Como há pouco escrevia, apesar
dos indicadores de progresso é necessário insistir, merecemos e precisamos de
mais e melhor sucesso e qualificação e menos abandono e exclusão.
A ferramenta agora anunciada pode
ser um contributo.
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