Foi hoje. Ainda que saibamos que um número significativo de crianças se manteve a frequentar escolas de acolhimento, cerca de 700 000 crianças regressaram hoje ao ensino presencial, nas creches, jardins de infância e escolas do 1.º ciclo.
Apesar de todos os receios e de todas as dúvidas era o que se
desejava, começando, obviamente pelos próprios miúdos.
Esperamos que as anunciadas medidas de vacinação e testagem,
para além das medidas de protecção já mais familiares sejam operacionalizadas,
é importante o escrutínio da comunidade sobre as condições em que os seus
filhos frequentarão a escola.
Por outro lado, encontro poucas referências à existência de
docentes, técnicos e funcionários, suficientes e competentes, colocados nas
escolas a horas e aos recursos, sobretudo, de natureza digital e de
acessibilidade, condição essencial para assegurar, primeiro, a recuperação e
consolidação e, naturalmente o progresso nas aprendizagens de todos os alunos,
sublinho, de todos os alunos.
Tal como após o primeiro confinamento, no regresso à escola, creches e jardins de infância, em particular nestas
circunstâncias, os primeiros dias são para reaprender a "escola" e não tanto para
aprender as coisas da escola, eles não voltam como saíram e a escola que vão
encontrar não é a que deixaram. Para isso importa conversar com eles, criar
um tom e um clima acolhedor.
Os alunos vão precisar de falar das “suas” coisas, do que
fizeram, do que não fizeram, do que gostaram, do que não gostaram, e os
professores/educadores têm as ferramentas, a empatia, para fazer isso, assim se crie a
ideia de que este é um trabalho importante antes ou paralelamente às
actividades curriculares.
Assim como os alunos que estão no 1º ano precisam de mais
tempo para aprender a escola depois deste tempo de confinamento importa recordar
que os alunos que estão agora no segundo ano, no ano lectivo passado, o seu
primeiro ano de escola, o início da aprendizagem escolar, literacia, educação
matemática, educação científica e expressões e actividade física, tiveram aulas
até ao início de Março, entraram em modo não presencial com os impactos e
limitações reconhecidos, começaram o segundo ano e no início do 2º período
voltaram até agora ao modo não presencial. É, para ser simpático, um trajecto
pouco amigável para o sucesso nas aprendizagens sendo que, como sempre, as
desigualdades têm um impacto crítico.
Se a prioridade for dada à burocracia e se entrarem naquela
"azáfama grelhadora", tão presente nas nossas escolas, de construir
grelhas basicamente por dois motivos, por tudo e por nada, e não se
simplificarem os processos, a coisa poderá correr menos bem.
Creio que devemos começar por acolher os alunos com
serenidade, sobretudo os mais novos, e ajudá-los a "sentar" outra vez, tão
tranquilos e confiantes quanto possível. Depois aprendem, antes não.
A proactividade, apesar da complexidade da situação, é mais
amigável da qualidade que a reactividade embora saibamos, temos o exemplo de
Março de 2020, que às vezes há que reagir e avançar. No entanto, temos já
experiência que deveria ajudar a regular o que actualmente vai acontecendo.
Creio que ainda estamos a tempo de apesar das dificuldades
podermos levar a generalidade das crianças e jovens a porto seguro, assim existam
os recursos necessários e competentes para responder atempadamente e diferenciadamente
às suas necessidades.
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