segunda-feira, 15 de março de 2021

SAUDADES DA ESCOLA

Foi hoje. Ainda que saibamos que um número significativo de crianças se manteve a frequentar escolas de acolhimento, cerca de 700 000 crianças regressaram hoje ao ensino presencial, nas creches, jardins de infância e escolas do 1.º ciclo.

Apesar de todos os receios e de todas as dúvidas era o que se desejava, começando, obviamente pelos próprios miúdos.

Esperamos que as anunciadas medidas de vacinação e testagem, para além das medidas de protecção já mais familiares sejam operacionalizadas, é importante o escrutínio da comunidade sobre as condições em que os seus filhos frequentarão a escola.

Por outro lado, encontro poucas referências à existência de docentes, técnicos e funcionários, suficientes e competentes, colocados nas escolas a horas e aos recursos, sobretudo, de natureza digital e de acessibilidade, condição essencial para assegurar, primeiro, a recuperação e consolidação e, naturalmente o progresso nas aprendizagens de todos os alunos, sublinho, de todos os alunos.

Tal como após o primeiro confinamento, no regresso à escola, creches e jardins de infância, em particular nestas circunstâncias, os primeiros dias são para reaprender a "escola" e não tanto para aprender as coisas da escola, eles não voltam como saíram e a escola que vão encontrar não é a que deixaram. Para isso importa conversar com eles, criar um tom e um clima acolhedor.

Os alunos vão precisar de falar das “suas” coisas, do que fizeram, do que não fizeram, do que gostaram, do que não gostaram, e os professores/educadores têm as ferramentas, a empatia, para fazer isso, assim se crie a ideia de que este é um trabalho importante antes ou paralelamente às actividades curriculares.

Assim como os alunos que estão no 1º ano precisam de mais tempo para aprender a escola depois deste tempo de confinamento importa recordar que os alunos que estão agora no segundo ano, no ano lectivo passado, o seu primeiro ano de escola, o início da aprendizagem escolar, literacia, educação matemática, educação científica e expressões e actividade física, tiveram aulas até ao início de Março, entraram em modo não presencial com os impactos e limitações reconhecidos, começaram o segundo ano e no início do 2º período voltaram até agora ao modo não presencial. É, para ser simpático, um trajecto pouco amigável para o sucesso nas aprendizagens sendo que, como sempre, as desigualdades têm um impacto crítico.

Se a prioridade for dada à burocracia e se entrarem naquela "azáfama grelhadora", tão presente nas nossas escolas, de construir grelhas basicamente por dois motivos, por tudo e por nada, e não se simplificarem os processos, a coisa poderá correr menos bem.

Creio que devemos começar por acolher os alunos com serenidade, sobretudo os mais novos, e ajudá-los a "sentar" outra vez, tão tranquilos e confiantes quanto possível. Depois aprendem, antes não.

A proactividade, apesar da complexidade da situação, é mais amigável da qualidade que a reactividade embora saibamos, temos o exemplo de Março de 2020, que às vezes há que reagir e avançar. No entanto, temos já experiência que deveria ajudar a regular o que actualmente vai acontecendo.

Creio que ainda estamos a tempo de apesar das dificuldades podermos levar a generalidade das crianças e jovens a porto seguro, assim existam os recursos necessários e competentes para responder atempadamente e diferenciadamente às suas necessidades.

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