terça-feira, 6 de maio de 2008

SÓ ACONTECE AOS OUTROS

Os dados recolhidos pelo Instituto de Ciências Sociais, hoje divulgados, revelando que 25% dos portugueses nunca usaram preservativo e 38% não têm qualquer receio de doenças sexualmente transmissíveis, evidencia um traço da nossa cultura, o conhecido “só acontece aos outros”.
A presença deste traço informa muitos dos comportamentos que assumimos. Vejamos alguns exemplos. Bater com o carro porque vou ao telemóvel? Não, só acontece aos outros. Acidentes domésticos com crianças por descuidos com equipamentos ou materiais? Não, só acontece aos outros. Gastar mais do que posso? Não, só acontece aos outros. Ter um acidente porque vou um bocado mais depressa do que a lei permite? Não, só acontece aos outros. Beber um copo a mais, conduzir e ter um problema? Não, só acontece aos outros. Sofrer um acidente de trabalho por falta de equipamento ou procedimento de segurança? Não, só acontece aos outros. E mais exemplos poderiam ser referidos. Quando um de nós sofre as consequências a explicação também é óbvia e habitual, “Tive azar”.
Esta atitude negligente tem custos elevadíssimos e só um trabalho sério, consistente e persistente poderá levar à definição de uma imprescindível cultura de maior responsabilidade individual e social. Sem fundamentalismos.

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