quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

OS ALUNOS COM NEE E OS EXAMES NACIONAIS

"Houve mais alunos com NEE dispensados dos exames nacionais em 2014"

Na época de exames de 2014, segundo dados do Júri Nacional de Exames, subiu o número de alunos com necessidades educativas especiais autorizado a realizar provas a nível de escola em substituição dos exames nacionais.
De acordo com o Conselho Nacional de Educação entre 2009/2010 e 2013/2014 o número de alunos com passou de 20747 para 56886.
Já aqui me referi a este "salto" e às suas razões. Acontece, por exemplo, que muitos alunos em diferentes escolas adquirem este "rótulo" como forma de acederem a algum tipo de apoio educativo. A política educativa tem vindo a promover cortes sucessivos nos recursos, docentes e técnicos no âmbito dos apoios educativos pelo que as escolas se sentem pressionadas e impotentes para responder às dificuldades expressas por alunos e pelos seus professores.
Ainda de acordo com os dados do Júri Nacional de Exames, as escolas registaram a plataforma, mais uma plataforma, criada para o efeito 18 000 alunos com NEE que necessitariam de condições especiais na realização de exames em 2014.
Estes dados não me parecem surpreendentes. Aliás, creio que, provavelmente, se acentuarão.
As escolas, muitas a trabalhar nos limites, lidam com tremendos constrangimentos, número de alunos por turma, insuficiência de recursos docentes e técnicos para apoios a alunos e professores, atrasos na afectação dos recursos, etc. Este cenário foi também referenciado pelo Conselho Nacional de Educação.
A "examocracia" em que se tem transformado o nosso sistema educativo, a pressão para resultados traduzida, por exemplo, em rankings, um processo educativo de "normalização"  burocratizado e pouco flexível, veja-se a estrutura e extensão das metas curriculares, cria ambientes escolares pouco amigáveis, por assim dizer, para crianças que experimentem algum tipo de dificuldade.
As escolas sentirão progressivos obstáculos no sentido de acomodarem as diferença entre os alunos promovendo uma espécie de "darwinismo" educativo em que apenas sobrevivem os mais dotados. 

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