Pode parecer estranho, mas a identificação do número de alunos que não têm professor a todas as disciplinas parece uma tarefa impossível.
Como aqui escrevi há pouco, se
bem se lembram, em Novembro foram divulgados pelo ME dados errados
relativamente aos estudantes que, perto do final do 1.º período, não tinham
ainda professor a todas as disciplinas.
Entretanto, foi solicitada,
perdão, comprada, uma auditoria externa à consultora KPMG para encontra o
mágico número de alunos sem docente a todas as disciplinas. É ainda relevante que a segunda parte da
encomenda à consultora será relativa a “propostas para a melhoria do sistema de
apuramento do número de alunos sem aulas para os diferentes momentos do ano
lectivo”. Parece até um bocadinho estranho que entre as diferentes estruturas
do ME não exista conhecimento e competência para realizar algo que, obviamente,
faz parte das suas atribuições. Mas nada de novo, as consultoras também
precisam de trabalho e espera-se sempre que o relatório apresentado venha
coberto por um manto de isenção.
A divulgação dos resultados reais
esteve prevista para Março, depois para Abril, no princípio deste mês aguardava-se
para “os próximos dias”.
Ontem, o Ministro da Educação afirmou à TSF que “Não sabemos se vamos ficar a saber” e mais adianta, “Penso
que não, a informação que nós temos é que não é possível contabilizar esse
número de uma forma rigorosa.”
Dito de outra maneira, 52750
euros depois e no final das aulas deste ano lectivo continua a não existir a
informação segura sobre a irrelevante questão de quantos alunos não têm
professor a todas as disciplinas.
Talvez valha pena recordar que o
MECI tem como estruturas: Secretaria-Geral, Inspecção-Geral da Educação e
Ciência, Direcção-Geral da Administração Escolar, Direcção-Geral da Educação, Direcção-Geral
dos Estabelecimentos Escolares, Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e
Ciência, Instituto de Avaliação Educativa, Instituto de Gestão Financeira da
Educação, I. P.
Será que nenhuma destas tem
capacidade de resposta para esta questão tão fácil de enunciar, “Quantos alunos
não têm professor a todas as disciplinas?”
Acresce ainda que, talvez por ignorância
minha, é expectável que as direcções de escolas e agrupamentos tenham dados
seguros sobre a falta de docentes para os seus alunos. Nem me parece que para
agregar estes dados seja necessário um sistema altamente sofisticado.
Também é verdade que, como já
escrevi, estamos em plena campanha eleitoral e a divulgação destes dados pode
não ser muito “oportuna” e conhecer-se-ão, se tal acontecer, quando causem
menos “mossa”.
A verdade é que tudo isto é mau
demais, não parece sério e de competência tem nada.
Por outro lado, parece ter tudo
de “manhosice” política e de, pior, uma profunda indiferença face ao que talvez
seja a questão mais grave do nosso sistema educativo.
Mas, como alguém diria, “qual é a pressa?”
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