Sem surpresa, veja-se o que se passa nos Estados Unidos, os ventos não sopram favoráveis ao trabalho de investigação científica. Os critérios de financiamento às estruturas de investigação científicas portuguesas foram profundamente alterados.
Em consequência, as entidades que
na avaliação tiveram “Muito Bom” vão sofrer um corte orçamental da ordem dos
68% o que, obviamente, compromete o trabalho em curso.
O ministro argumenta que o
objectivo é “premiar o mérito” criando um fosso gigante entre as estruturas que
obtiveram “Excelente” e as com “Muito Bom” levando a que as primeiras tenha um
financiamento quatro vezes superior. A carta aberta subscrita por 78 estruturas
de investigação é elucidativa a situação
Parece-me estranho que o
Ministro, com experiência de ensino superior afirme o objectivo de “premiar” o
mérito. O apoio à investigação não é um “prémio” é um eixo crítico no
desenvolvimento das instituições das comunidades e do país. Compreende-se
alguma diferença face à avaliação do trabalho das unidades e centros de
investigação, já não se compreende que a diferença seja tão significativa e,
mesmo, ameaçadora da continuidade dos trabalhos desses centros. Um corte de 68%
terá certamente um impacto brutal.
Recordando uma afirmação já antiga
do Professor Carlos Fiolhais, o ME “está a matar a árvore do desenvolvimento”.
Na verdade, está estudada e
reconhecida de há muito a associação fortíssima entre o investimento em
educação e investigação e o desenvolvimento das comunidades, seja por via
directa, qualificação e produção de conhecimento, seja por via indirecta,
condições económicas, qualidade de vida e condições de saúde, por exemplo.
A verificar-se o desinvestimento
fortíssimo e a inviabilização de boa parte dos centros e estruturas de
investigação corremos o sério risco de ver ameaçados e destruídos os excelentes
resultados que os centros, laboratórios e unidades de investigação e as
instituições de ensino superior têm vindo a alcançar e que atestam o esforço e
a competência da comunidade científica portuguesa e o trabalho realizado no
âmbito do ensino superior e investigação, traduzidos no reconhecimento
internacional das nossas instituições.
Opções políticas desta natureza
poderão ter consequências sérias em termos de desenvolvimento científico e
económico para além, evidentemente, do impacto nas carreiras pessoais assim
ameaçadas de muitas que investigam, criam conhecimento, promovem
desenvolvimento e que, provavelmente, desistem ou emigram.
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