Há poucas semanas comecei desta forma e incomodado por ter de assim escrever, todos batem nos professores, até os professores que estão como directores. Os directores não são directores, insisto, são professores que estão alguns anos, demais para alguns, como directores. Uma parte preferiria, certamente, eternizar-se como directores, mas, por enquanto, ainda não é assim, embora o trânsito para o agrupamento do lado após o cumprimento dos mandatos seja uma forte ajuda.
O texto de que retomo algumas
notas referia as situações denunciadas numa reportagem do canal NOW envolvendo
seis docentes em situação diversa de problemas de saúde que se revelavam absolutamente
inquietantes considerando o desrespeito pelas circunstâncias de saúde, pelo
incumprimento de recomendações relativamente ao horário atribuído ou à
distribuição de serviço. Eram referidas situações de assédio moral num contexto
de sofrimento de pessoas que apenas querem continuar a fazer o seu trabalho de
uma forma minimamente compatível com as suas condições de saúde e com um quadro
legal que o permite.
Apenas a mediocridade humana,
ética e profissional de alguns directores sustenta a incompetência do seu
comportamento.
Agora no Público retoma-se a
questão mostrando um cenário ainda mais grave bastante mais amplo. Desde o início
do ano lectivo a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares registou 234
queixas, pedidos de informação ou de esclarecimentos por parte de professores e
de directores escolares relacionadas com o acesso ou falta e acesso à Medicina do
Trabalho, bem como desrespeito pelo conteúdo da Ficha de Aptidão para o
Trabalho.
No entanto, de acordo com Sofia Neves, vice-presidente
da Associação Jurídica Pelos Direitos Fundamentais, “Muitos directores de todo
o país estão a substituir-se aos médicos do trabalho, fazendo eles a avaliação
das condições de trabalho após a análise da FAT”, prossegue. Muitos professores
são "empurrados" para baixas.” Afirma ainda que algumas direcções
recusam marcar a consulta de Medicina do Trabalho solicitada pelos professores.
Como já escrevi, parece claro que
esta gente medíocre que assim lidera uma escola ou agrupamento e trata os seus
colegas dormirá de consciência tranquila. Não sabem ou esqueceram o que
significa consciência ou perderam-na embriagados pela volúpia do poder para o
qual lhes falta competência, estrutura ética e moral para exercer.
Uma nota final. Ao longo de quase
cinco décadas e considerando, sobretudo, o período após o estabelecimento da
direcção unipessoal de escolas e agrupamentos, cruzei-me com professores
extraordinários que estavam na função de directores, mas não esqueciam a sua
pertença. Esses, por estes dias devem sentir-se profundamente incomodados com o
que se vai sabendo.
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