domingo, 4 de maio de 2025

(QUASE) TODOS BATEM NOS PROFESSORES (Take 2)

 Há poucas semanas comecei desta forma e incomodado por ter de assim escrever, todos batem nos professores, até os professores que estão como directores. Os directores não são directores, insisto, são professores que estão alguns anos, demais para alguns, como directores. Uma parte preferiria, certamente, eternizar-se como directores, mas, por enquanto, ainda não é assim, embora o trânsito para o agrupamento do lado após o cumprimento dos mandatos seja uma forte ajuda.

O texto de que retomo algumas notas referia as situações denunciadas numa reportagem do canal NOW envolvendo seis docentes em situação diversa de problemas de saúde que se revelavam absolutamente inquietantes considerando o desrespeito pelas circunstâncias de saúde, pelo incumprimento de recomendações relativamente ao horário atribuído ou à distribuição de serviço. Eram referidas situações de assédio moral num contexto de sofrimento de pessoas que apenas querem continuar a fazer o seu trabalho de uma forma minimamente compatível com as suas condições de saúde e com um quadro legal que o permite.

Apenas a mediocridade humana, ética e profissional de alguns directores sustenta a incompetência do seu comportamento.

Agora no Público retoma-se a questão mostrando um cenário ainda mais grave bastante mais amplo. Desde o início do ano lectivo a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares registou 234 queixas, pedidos de informação ou de esclarecimentos por parte de professores e de directores escolares relacionadas com o acesso ou falta e acesso à Medicina do Trabalho, bem como desrespeito pelo conteúdo da Ficha de Aptidão para o Trabalho. Entretanto, o ME afirma ter em desenvolvimento um dispositivo facilitador da contratação para aquisição de serviços médicos para realização de juntas médicas e de serviços de segurança e saúde no trabalho para os estabelecimentos públicos de educação.

 No entanto, de acordo com Sofia Neves, vice-presidente da Associação Jurídica Pelos Direitos Fundamentais, “Muitos directores de todo o país estão a substituir-se aos médicos do trabalho, fazendo eles a avaliação das condições de trabalho após a análise da FAT”, prossegue. Muitos professores são "empurrados" para baixas.” Afirma ainda que algumas direcções recusam marcar a consulta de Medicina do Trabalho solicitada pelos professores.

Como já escrevi, parece claro que esta gente medíocre que assim lidera uma escola ou agrupamento e trata os seus colegas dormirá de consciência tranquila. Não sabem ou esqueceram o que significa consciência ou perderam-na embriagados pela volúpia do poder para o qual lhes falta competência, estrutura ética e moral para exercer.

Uma nota final. Ao longo de quase cinco décadas e considerando, sobretudo, o período após o estabelecimento da direcção unipessoal de escolas e agrupamentos, cruzei-me com professores extraordinários que estavam na função de directores, mas não esqueciam a sua pertença. Esses, por estes dias devem sentir-se profundamente incomodados com o que se vai sabendo.

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