De acordo com dados do Eurostat relativos a 2022 ontem divulgados, Portugal tem a oitava menor taxa de estudantes que não completam o ensino secundário, 6%, da União Europeia que tem uma média de 10%.
Continua a verificar-se a
tendência de descida continuando abaixo da média europeia, o que se regista,
mas sugere algumas notas e prudência.
Recordo que no final de 2021 a
Direcção-Geral de Estatística da Educação divulgou que estava a desenvolver uma
ferramenta com o objectivo de avaliar e construir uma informação mais robusta
sobre o abandono escolar. Em linha com o que já e feito noutros países
pretende-se construir informação que permita o acompanhamento próximo do aluno
e das escolas, identificando perfis de risco ou preditores de abandono que
possibilitarão o desenvolvimento de intervenções oportunas prevenido e
combatendo o abandono escolar.
Acresce a óbvia necessidade de
que o abaixamento da taxa de abandono escolar e de retenção signifique conhecimentos
e competências adquiridas pelos alunos.
No mesmo sentido, importa ainda
recuperar que em 2020 o Tribunal de Contas divulgou um relatório defendendo que
no sistema educativo nacional não existem indicadores ajustados, a
imprescindível avaliação externa, que permita conhecer "os reais números
do Abandono em Portugal, frustrando quer a implementação eficiente das medidas
preventivas e de recuperação dos alunos em Abandono ou em risco de Abandono,
quer o direccionamento adequado do financiamento".
Relativamente aos dados agora
conhecidos, e em todo o caso deve realçar-se o trabalho de alunos, professores,
escolas e famílias.
No entanto, apesar do abaixamento
do abandono escolar precoce, o caderno de encargos que ainda continuamos a ter
pela frente é pesado, pois sendo importante que os alunos não abandonem ainda
precisamos de assegurar que a sua continuidade tenha sucesso.
Os dados conhecidos de escolas e
agrupamentos para construção dos rankings evidencia isso mesmo. Aliás, à
semelhança do que tem sido o caminho da designada educação inclusiva, não basta
que tenhamos os alunos com necessidades especiais “entregados” nas escolas
regulares para que possamos falar de educação inclusiva.
Temos indicadores que mostram que
muitos alunos, estando “ligados” à máquina educativa, ainda lutam, por razões
diversas, por uma trajectória bem-sucedida e importa que cumprir a escolaridade
signifique mesmo carreiras escolares promotoras de competências e capacidades como escrevi acima
Só assim se promove a construção
de projectos de vida viáveis, que proporcionem realização pessoal e base do
desenvolvimento das comunidades.
Neste caminho é fundamental que a
qualidade dos processos educativos e que a existência de dispositivos de apoio
competentes e suficientes às dificuldades de alunos e professores na
generalidade das comunidades educativas seja uma opção clara pois é uma
ferramenta imprescindível à minimização do insucesso.
Por outro lado, importa não perder
de vista a população que abandona e que está em alto risco de que tal aconteça.
Neste sentido é fundamental que a oferta de trajectos diferenciados de formação
e qualificação ou iniciativas em desenvolvimento como o programa Qualifica,
sucessor do Novas Oportunidades, ou os anunciados no âmbito do ensino superior
tenha os meios necessários e se resista à tentação do trabalho para a
“estatística”, confundindo certificar com qualificar.
Apesar dos indicadores de
progresso é necessário insistir, merecemos e precisamos de mais e melhor
sucesso e qualificação e menos abandono e exclusão.
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